Cultura: Maestro friburguense rege mais de mil e uma vozes

22/10/2018 11:43:00
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por OGlobo

À frente de sete corais, o friburguense Christian Bizzotto diz que qualquer um tem capacidade de cantar, bastam estudo e treinamento

Maestro, qual é a música? Se a pergunta for feita a Christian Bizzotto, a resposta vai variar bastante, da MPB à música indígena. Regente dos coros do Detran, do Tribunal de Contas do Estado (TCE), do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e da companhia EmBando, além de ser diretor musical e pianista dos grupos vocais da Cesgranrio, do Imperator e do Vozes Cariocas, ele poderia ser considerado o rei dos corais do Rio. Mas, modesta, sua majestade prefere não aceitar o título.

— Eu me considero um devoto da arte do coral, que é agregadora, tem uma função social de integração, é democrática, promove transformação e trabalha cooperação e colaboração, que são valores em que eu acredito profundamente. E o conceito de monarquia não combina com esses propósitos — acredita.

Ele é daqueles que queriam que o dia tivesse 30 horas, só para conseguir trabalhar mais um pouquinho. Coisas de quem tem a paixão como ofício. A relação de Christian com a música começou ainda na infância, em Nova Friburgo, onde nasceu. Cresceu cantando com o pai, o violonista Giovanni Bizzotto, que deu aulas para a cantora Marina Lima. Mas foi o avô materno, pianista, sua grande inspiração. Descobriu que era com as teclas e não com as cordas que queria conviver.

Frequentou um conservatório de música dos 8 aos 15 anos, quando o pai sugeriu que ele estudasse também percussão ou canto coral, para aumentar seu conhecimento musical. Resolveu se matricular em três corais ao mesmo tempo:

— Aprendi a ter ouvido harmônico e a me entender como parte de um todo.

Mas o menino queria ganhar asas — e a capital do estado. Após concluir a escola, passou dois anos estudando oito horas por dia até se sentir preparado para ser aprovado para a Unirio. Aos 32 anos, o bacharel em arranjo é hoje referência para 240 vozes em sete corais (um deles o Sidney Marzullo, do CIEE, composto apenas por deficientes visuais). A experiência o credencia a afirmar: qualquer um é capaz de cantar.

— Tem gente que fala: “Não canto porque minha voz é feia”. Não existe voz feia, nem pessoa desafinada. Todo mundo tem jeito. Basta estudo e vontade. Já fiz muitos milagres — brinca o morador da Glória.

Um dos que “alcançaram a graça” por intermédio dele foi o ator Stepan Nercessian, que, por dois anos interpretou o Velho Guerreiro em “Chacrinha — O musical” e teve Christian como mestre.

— A presença dele é muito positiva, transmitiu uma segurança, principalmente para mim, que não cantava e não tenho “ouvido”. Ficava olhando para ele o tempo todo, pedindo socorro, para ele dizer a hora que era para eu entrar nas músicas — lembra Stepan.

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