Covid-19: Estado do Rio pode ter protocolo para definir quem terá direito prioritário a vaga na UTI

02/05/2020 09:04:19
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Por Jornal Extra

Um dia depois de o secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro, Edmar Santos, admitir que, com o número crescente de casos de Covid-19, não haverá respiradores suficientes para todos os pacientes em estado grave, o Estado do Rio já estuda critérios para escolher quais doentes terão direito prioritário a uma vaga em UTI.

De acordo com o protocolo técnico que está em análise, e que vai tirar o peso da “escolha de Sofia” dos ombros dos médicos, serão analisadas as condições de seis órgãos e atribuídas notas ao seu funcionamento, de 0 (boa) a 24 (péssima). Quanto menor a nota, mais chances o doente terá de conseguir um leito.

O primeiro item analisado será o funcionamento de seis órgãos, como pulmões, rins e coração. Os médicos vão atribuir uma nota ao paciente de acordo com a existência, ou não, de doenças preexistentes. Quem tiver algum problema que pode ser fatal, independentemente da Covid-19, em até um ano, ganhará 4 pontos e ficará atrás na fila de quem não tiver mal algum (0 ponto) ou de quem tenha uma comorbidade que permita sobrevida maior do que um ano (2 pontos).

O documento também prevê critérios de desempate, caso haja pontuações idênticas. O primeiro é se o paciente está em ventilação mecânica, já ligado a um respirador . O segundo é a idade do doente. Os mais jovens, com até 60 anos, ganharão uma vaga antes dos que têm entre 61 e 80 anos. Os acima dos 80 ficarão por último na disputa por leito. De acordo com a proposta, profissionais que atuem diretamente no combate ao coronavírus terão prioridade, caso precisem de um leito de CTI, e passarão à frente de todos. Por último, o lugar será decidido pela ordem de solicitação da vaga.

O documento, que já foi assinado por Renata Carnevale de Miranda, subsecretária estadual de Regulação e Unidades Próprias, e aguarda apenas o aval do secretário de Saúde, Edmar Santos, para ser publicado no Diário Oficial, foi desenvolvido pelos integrantes da secretaria em conjunto com outras entidades, como o Conselho Regional de Medicina do Rio e a Academia Nacional de Cuidados Paliativos, diz que a escolha terá que ser feita porque haverá “uma inevitável sobrecarga dos equipamentos de saúde quando alcançado o período de ápice de infecção, havendo a imediata necessidade de se promover soluções que evitem o colapso da rede estadual”.

Segundo o texto, o grupo de trabalho levou em consideração os “Princípios de Triagem em Situações de Catástrofes” da Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a resolução do Conselho Federal de Medicina que estabelece os critérios de admissão e alta em unidades de terapia intensiva, além de um protocolo publicado no “Journal of the American Medical Association”.

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