Corona-insônia: o fenômeno que está impedindo as pessoas de dormir na pandemia

02/02/2021 12:21:27
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A pandemia do novo coronavírus teve um efeito profundo na rotina das pessoas e tornou mais difícil o simples ato de dormir — a tal ponto que especialistas criaram até um termo para isso em inglês: coronasomnia. Em português seria algo como “corona-insônia” ou “Covid-insônia”. É um fenômeno que atinge pessoas no mundo todo: insônia associada ao aumento do estresse por causa da pandemia de Covid-19.

No Reino Unido, um estudo de agosto de 2020 da Universidade de Southampton mostrou que o número de pessoas com insônia aumentou de uma em seis para uma em quatro, com mais problemas em alguns grupos, incluindo mães e trabalhadores essenciais.

Na China, as taxas de insônia aumentaram de 14,6% para 20% durante o período de isolamento social. Uma “prevalência alarmante” de insônia clínica foi observada na Itália. Na Grécia, quase 40% dos entrevistados em um estudo de maio disseram estar sofrendo de problemas para dormir neste período. Além disso, a palavra “insônia” foi mais pesquisada no Google em 2020 do que nos anos anteriores.

No segundo ano de pandemia e após meses de distanciamento social, segundo os cientistas, as pessoas apagaram os limites da vida profissional e pessoal e trouxeram incertezas para as vidas de todos. Isso tudo trouxe consequências desastrosas para o sono, e a saúde e a produtividade podem enfrentar sérios problemas por causa disso.

Circunstâncias `quase bíblicas´

É difícil lidar com a insônia, seja em uma pandemia ou não. Ter problemas frequentes para adormecer ou ter um sono de má qualidade podem levar a impactos na saúde no longo prazo, incluindo obesidade, depressão, doenças cardiovasculares e diabetes.

O fato de tantas pessoas estarem atualmente com insônia tem, com certeza, a ver com as circunstâncias desafiadoras, “quase bíblicas”, da pandemia do novo coronavírus, que atingiu o mundo em cheio em 2020.

Se você está tendo insônia, não está sozinho. Grande parte do mundo também tem. É uma consequência de todas as mudanças que estamos vivendo por causa da Covid-19.

Trabalhar em casa confunde nossos limites

Diversos fatores foram responsáveis por essa queda na qualidade do sono. Primeiro, as rotinas diárias das pessoas foram interrompidas, e seus ambientes, alterados, tornando difícil manter o ritmo circadiano intacto. Normalmente, de acordo com os especialistas, nossos dias seguem uma rotina de horários para acordar, se locomover de um lugar para o outro, fazer intervalos no trabalho e dormir. Mas a Covid-19 bagunçou tudo isso.

Com o trabalho remoto perdemos muitos dos elementos externos que regulam nossa rotina, como as reuniões no escritório, o horário do ônibus, o intervalo para o almoço. Ttrabalhar em casa pode confundir certos limites. Atualmente, há muitas pessoas relatando trabalhar mais tempo ou em horários irregulares:

Nossa tendência, agora, é ter limites muito menos claros entre casa e trabalho.

Se as pessoas não procuram ajuda quando começam a sofrer com a falta de sono, é provável que seus problemas de sono se tornem um distúrbio permanente do sono, ou seja, insônia, e infelizmente não há uma solução rápida… É difícil quebrar hábitos formados.

Existem também pequenas coisas que as pessoas podem fazer para melhorar a higiene do sono sem fazer a terapia.

Os médicos aconselham limitar o consumo de notícias para evitar a ansiedade não usar o telefone celular como despertador — ele é outro item associado ao trabalho e muitos emitem uma luzinha mesmo quando estão com a tela desligada, o que é ruim para a produção de melatonina (o hormônio que induz o sono) no corpo.

Também é aconselhado manter o celular em outro cômodo quando for dormir e ter um relógio despertador na mesa de cabeceira, mas não ficar olhando para ele enquanto tenta adormecer.

https://g1.globo.com/

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