Caso de injúria racial preocupa diretoria do Friburguense

17/10/2014 13:42:22
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por Fernando Moreira

Depois da vitória de virada por 3×1 sobre o Macaé, na última quarta-feira (15) em jogo válido pela segunda rodada da segunda fase da Copa Rio tudo parecia em ordem no Friburguense. O time jogou bem, mostrou poder de reação, fez três gols e venceu por dois de diferença. Só que um dia depois a situação já era outra e o Tricolor da Serra se tornou alvo de mais uma acusação de injúria racial no futebol brasileiro. Isso porque o árbitro José Waldson de Matos Modesto relatou na súmula da partida que torcedores do Frizão gritaram “macaco quer banana” para o atleta Bruno Alves, camisa 10 do Macaé.

O caso tem ganhado repercussão nacional por conta da semelhança com o fato ocorrido na Arena do Grêmio, em partida contra o Santos, pela Copa do Brasil. Na ocasião o goleiro santista Aranha foi chamado de macaco por uma parte da torcida gremista. Alguns torcedores envolvidos no episódio foram identificados e respondem na justiça. Já o Grêmio foi punido com a exclusão da Copa do Brasil.

Assim que tomou conhecimento do caso, ainda durante o jogo da última quarta-feira (15), o gerente de futebol do Friburguense, José Eduardo Siqueira, falou sobre o ocorrido. Segundo declarou em entrevista ao site globoesporte.com, ele diz que não presenciou nada, mas também não nega que o fato tenha acontecido. Por outro lado, critica a postura da equipe de arbitragem e da comissão técnica do Macaé na condução do caso.

– Eu estou vendo o quarto árbitro discutindo com o Josué (Teixeira, técnico do Macaé). Não estava entendendo, porque não estava acontecendo nada no campo. Nisso, fui até o vestiário do quarto árbitro e perguntei a um dos gandulas o que houve e ele disse: “Parece que chamaram o número 10 de macaco.” Eu pensei: “Está de sacanagem!” No primeiro momento, busquei identificar. Perguntei ao Valtinho (presidente do Macaé) se tinha visto alguma coisa, e ele disse: “Escutei, mas não vi nada” – relatou Siqueirinha.

Sem saber os rumos e a proporção que o caso terá, Siqueira teme as possíveis punições ao clube da serra.

– Tem que ser avaliado até que ponto o clube tem a ver com isso. Na decisão do Grêmio, por exemplo, eu sou contrário. Falamos muito de punição com os clubes, mas não vemos campanha em relação ao preconceito. E as punições que são tomadas são de perda de mando de campo, portões fechados. Mas eliminação… Olha, eu fico doido. Não sei o rumo que isso pode tomar. – disse o dirigente ao site globoesporte.com.

O Tribunal de Justiça Desportiva do Estado do Rio de Janeiro (TJD-RJ) deve analisar a súmula da partida nesta sexta-feira (18), seguindo os mesmos critérios utilizados em casos parecidos no país, como disse o procurador do TJD-RJ, André Valentim.

– Ainda não estou sabendo. O jogo foi quando? Ontem (quarta-feira)? Então (a súmula) será analisada somente nesta sexta-feira. Mas posso adiantar para você que o tribunal vai julgar nos mesmos termos que este tipo de caso tem sido tratado no Brasil, que vai de perda de mando de campo e até exclusão da competição – disse Valentim ao globoesporte.com.
A possível denúncia deve se apoiar no artigo 243-G (discriminação racial) do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Neste caso, o clube pode ser multado, perder mandos de campo e até ser excluído da competição.

Na foto, a súmula do jogo.

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