Após vistoria, Cremerj relata situação crítica no Raul Sertã

03/05/2021 08:21:12
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“É SÉRIO O QUE ACONTECE NO HOSPITAL”, DIZ DIRETOR

por Paula Valviesse / Jornal O Dia

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (CREMERJ) divulgou uma nota sobre a visita de representantes da entidade, na última terça-feira (27/04), em Nova Friburgo, para avaliar a situação da saúde pública no município. Segundo o conselho, a visita foi motivada após médicos denunciarem a falta de condições de trabalho no Hospital Municipal Raul Sertã, um dos principais da região.

A vistoria foi realizada por diretores e conselheiros do CREMERJ, médicos fiscais e teve o acompanhamento da Defensoria Pública de Tutela Coletiva. O defensor público Christian Barcellos também acompanhou toda a fiscalização. Durante a visita, foi encontrada falta grave de insumos e até de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como aventais, além do número insuficiente de profissionais para atuar na assistência dos pacientes.

“O estoque de medicamentos também nos chamou a atenção, já que alguns fármacos estavam com déficit total. Além disso, a unidade não contava com um fluxo adequado para separar os pacientes com suspeita de Covid-19 e havia superlotação”, destacou o diretor do Departamento de Fiscalização (Defis) do CREMERJ, Guilherme Nadais.

A sobrecarga de trabalho foi outro fator preocupante. “Médicos e demais profissionais de saúde precisam de condições para trabalhar. E vimos que a situação está crítica no Raul Sertã”, frisou a diretora da Coordenação das Delegacias do CREMERJ, Beatriz Costa, lembrando que, de acordo com o Código de Ética Médica, “é direito do médico se recusar a exercer a profissão em instituição pública ou privada onde as condições de trabalho não sejam dignas ou possam prejudicar a própria saúde ou a do paciente, bem como a dos demais profissionais. Neste caso, ele deve comunicar imediatamente sua decisão à comissão de ética e ao Conselho Regional de Medicina”.

O diretor do Conselho Carlos Romualdo Gama, que também esteve na visita, informou que o Defis elaborará um relatório, contendo todas as não conformidades, e que, no início de maio, promoverá uma reunião com a prefeitura de Nova Friburgo e a Secretaria Municipal de Saúde. “Também convidamos a Defensoria Pública e o Ministério Público. Providências precisam ser tomadas rapidamente”, disse.

Segundo o delegado do CREMERJ em Nova Friburgo, Marcelo Orphão, as deficiências da rede pública de saúde da cidade não são de hoje, mas, devido à pandemia e ao aumento do número de casos de infectados, a situação se complicou.

“É sério o que acontece no Raul Sertã. Estamos apurando denúncias de profissionais e pacientes. É preciso garantir a qualidade do atendimento da nossa população”, declarou o delegado do CREMERJ em Nova Friburgo, Marcelo Orphão.

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