Quando Nova Friburgo foi a capital do Estado do Rio de Janeiro

24/02/2015 22:44:54
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Hoje, interrompo a série “Um retorno a Nova Friburgo dos Anos 40”, para relembrar um acontecimento marcante ocorrido, há 55 anos, em nossa cidade.

No dia 25 de fevereiro de 1960, com as presenças do Governador Roberto da Silveira, do Prefeito Municipal Amâncio Azevedo e de outras autoridades locais, foi inaugurada, em nossa praça principal, uma placa comemorativa, marco inicial da temporada de veraneio do governo estadual, em nosso município. A seguir, a comitiva se dirigiu á residência escolhida para abrigar o governador, o palacete construído, em 1876, pelo 2° Barão de Duas Barras, Elias Antônio de Moraes (hoje UFF, antiga FONF), onde foi realizada uma recepção. Quando o jovem governante chegou, as portas do palacete foram abertas, e ele foi surpreendido por uma chuva de pétalas de flores atiradas, por senhoritas de nossa sociedade que, também, foram covidadas para servir o coquetel (dentre elas, eu e a saudosa Zaly Bravo Berbert).

Os friburguenses estavam eufóricos, orgulhosos. Daquela data em diante, Nova Friburgo, durante o período do verão, seria a sede do governo estadual. O ano não tardaria a passar e, em pouco tempo, estávamos no verão de 1961, na expectativa de hospedarmos, novamente, o estimado governador, mas o destino traçou um desfecho inesperado e desditoso.

Chuvas intensas começaram a provocar inundações, desabamentos, catástrofes e mortes no norte do Estado Rio de Janeiro, exigindo toda a atenção e devotamento do governante das terras fluminenses. Naquele momento, não havia possibilidade de se pensar em férias, a gravidade da situação exigia a presença do governador, nos locais afetados. 
Assim, na manhã do dia 21 de fevereiro, nos fundos de um prédio vizinho ao Palácio Rio Negro (na época, residência de verão dos presidentes), em Petrópolis, Roberto da Silveira embarcou num helicóptero, conduzido pelo Piloto José Eduardo Ribeiro Braga, rumo ao norte do Estado do Rio, em companhia do Jornalista Luiz Paulistano, Assistente de Imprensa do Governo e do Fotógrafo Elson Reginaldo dos Santos.

Mal o helicóptero levantou voo, uma das pás da sua hélice bateu no galho de uma árvore, e o aparelho caiu, em chamas. As vítimas foram internadas no Hospital Santa Teresa, em Petrópolis, somente, o fotógrafo sobreviveria.

O jovem governador sofreu durante uma semana (exatamente, um ano após ser recebido com júbilo, pelos friburguenses ),falecendo no dia 28 de fevereiro de 1961, aos 37 anos de idade, em consequência da gravidade das queimaduras. Foi sepultado no dia seguinte, em 1º de março, no Cemitério do Maruí, em Niterói, sob forte temporal, com a presença de uma comovida multidão.

A partir daquela data, qual município fluminense não teria uma rua, uma avenida ou praça, com o nome de Roberto da Silveira ?

Lamentavelmente, a tragédia ocorrida no Estado do Rio, no início de 1961, seria um prólogo, um prefácio, um preâmbulo de uma outra, de maiores proporções, que ocorreria no final daquele ano, na cidade de Niterói ( na época, capital do referido Estado): o incêndio do Gran Circus Norte-Americano.

O incêndio criminoso ocorrido no circo, na matinê daquele ensolarado domingo, 17 de dezembro de 1961, levaria à morte, na hora, mais de 300 pessoas e, com o passar dos dias, atingiria ao número de umas 500 pessoas.

São páginas dolorosas, num dos capítulos da história do antigo Estado do Rio de Janeiro, do qual Nova Friburgo foi capital, por um breve período de veraneio, nunca mais voltando a sê-lo.

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