O ESPÍRITO OLÍMPICO

11/08/2016 16:50:31
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Impossível não se entusiasmar pelas Olimpíadas, a partir da apresentação da Cerimônia de Abertura, no Maracanã, um espetáculo grandioso, deslumbrante, irretocável. Com muita criatividade, mostrou ao mundo- através de efeitos visuais-o surgimento da vida em nosso planeta, a sua evolução, o desmatamento até o problema da poluição, responsável pelo aquecimento global, o efeito estufa e a necessidade urgente de salvar as nossas florestas. A apresentação das delegações, sempre um pouco longa, devido às centenas de países representados, é uma lição de congraçamento entre os povos e de respeito às diversidades de raças, etnias, culturas, costumes, religiões, origens e línguas.

Durante o período de competições das múltiplas modalidades esportivas, o nobre  sentimento pátrio escondido em nosso peito, se torna mais forte e aflora, com muito mais intensidade. Desta forma, sob o efeito da mencionada emoção, eu me recordei de uns versos compostos por mim, há alguns anos, em momento de surpreendente e de rara inspiração:

 

DO QUE EU GOSTO

Eu gosto de tudo que é brasileiro,

cadência de samba, cuíca, pandeiro.

Eu gosto de morro, barraco, favela,

mulata brejeira da cor de canela.

Eu gosto de guando, canjiquinha, tutu,

feijão preto, torresmo, pimenta e angu;

de uma banda afinada, quermesse, leilão,

ladainha na igreja e também procissão.

Eu gosto de ver, em tarde quente de sol,

a torcida vibrar por um bom futebol

e o mundo aplaudir o famoso Pelé,

muito mais conhecido que o nosso café.

Eu gosto de tudo que é brasileiro,

baiana sentada com seu tabuleiro,

vendendo bolinhos, beijus, vatapá,

cocada, cuscuz e um bom mugunzá.

Eu gosto de ver preto velho pitando

cigarro de palha ou então cachimbando;

moleque descalço, pobrinho, rasgado

que vende amendoim quentinho e torrado.

Eu gosto do arrojo do bom jangadeiro,

da obra obscura do audaz seringueiro;

do espinhoso trabalho, de tanto valor,

que humilde executa o fiel lavrador.

Eu gosto de tudo que é brasileiro,

da crença do povo em São Jorge Guerreiro;

da Igreja da Penha, com a escada sem fim,

e o poder, sem igual, do Senhor do Bonfim.

Eu gosto de ter, neste mundo, encontrado

tudo isto que eu gosto tão bem concentrado,

num ser que é magia e deixa quebrantos

e me traz cativa aos seus mil encantos.

Eu gosto do olhar sensual, envolvente,

que queima profundo, qual chama ardente,

que vem de um moreno, tostado, trigueiro,

imagem do Rio ao sol de janeiro. 

EU GOSTO DE TUDO QUE É BRASILEIRO!

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