O Ensino – Um retorno aos anos 40 (parte IV)

15/12/2014 12:27:52
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Muitas eram as professoras particulares que lecionavam as “primeiras letras” e o Curso Primário em suas casas.

Na maioria das mencionadas escolas, os alunos se acomodavam em compridos bancos, em torno de longas mesas. Não havia quadro-negro e carteiras.

Se o local era modesto, primava pela excelência do ensino.

As professoras não descuidavam de matéria alguma, dando muita atenção aos exercícios de caligrafia. Uma boa letra era fundamental. 

Elas eram muito benquistas, gozando de muito prestígio na sociedade: Helena Coutinho, Alzira e Hermínia Moura, Irene e Ítala Massa, Noêmia Carvalho, Lourdes Rangel Ventura, Cely Ennes, Jandyra Lima e outras mais.

Os Colégios Anchieta, Nossa Senhora das Dores, Modelo ofereciam o Curso Primário, assim como os grupos escolares. Dentre estes últimos, o que mais se destacava era o Grupo Escolar Ribeiro de Almeida (hoje, IENF), tendo como diretora, a competente professora Georgeta Clerier.

Naquele tempo não havia caneta-tinteiro, nem caneta esferográfica. Usava-se uma caneta de madeira, com uma pena de metal descartável na ponta, que era molhada no vidro de tinta. As tintas mais conhecidas eram Sardinha, Pelikan e Parker.

Tinha de ser manuseada com habilidade para não borrar a folha do caderno. O mata-borrão era largamente usado, para assegurar uma escrita limpa.

Concluido o Curso Primário (aos dez anos de idade), era hora de prestar o temido exame de “Admissão” para se ingressar no Curso Ginasial.

O referido “Exame” era um mini vestibular que deixava as crianças assustadas e nervosas.

O Colégio Anchieta (da Companhia de Jesus), com os Cursos Ginasial, Clássico, e Científico, tinha externato, internato e até seminário, para os jovens que quisessem ser padres jesuítas.

Aos domingos, os seminaristas saiam em grupos de três, e iam pelas ruas convidando os meninos que quisessem jogar futebol e aprender o catecismo no Anchieta.

Com esta medida, contribuíam para a sólida formação moral e religiosa de muitos adolescentes que se tornaram católicos convictos, pertencendo à irmandade dos “Congregados Marianos” e à “Associação Católica da Juventude Friburguense”.

O Colégio Nossa Senhora das Dores (da Congregação de Santa Dorotéia) tinha os Cursos Ginasial, Clássico e Normal, com internato, externato e noviciado para as jovens que desejassem abraçar a vida religiosa.

O internato era composto, em quase toda a totalidade, de filhas de fazendeiros de municípios próximos ao nosso, como Bom Jardim , Cordeiro, Cantagalo, Duas Barras, Santa Maria Madalena, Sumidouro, Trajano de Moraes, Cachoeiras de Macacu.

Aos domingos, pela manhã, as internas saiam para um passeio, pelas ruas de nossa cidade, em filas duplas, sob os olhares vigilantes das freiras.

O Colégio Modelo, na esquina da Praça do Suspiro com a Rua General Osório, era misto, tendo os Cursos Ginasial, Científico, de Contabilidade e, futuramente, o Normal.

Por uns poucos anos, chegou a ter internato, no prédio do antigo Hotel Suspiro (hoje,Hotel Domingues Plaza).

Na Rua General Osório nº 32, funcionava a “Escola Primária nº 9”, onde se destacava a Profª. Hercília Sampáio.

O Colégio Cêfel, também, misto foi fundado na década de l940, precisamente, no ano de l945. O Inspetor Federal de Ensino era o Dr. Paulo Roberto de Baére.

Havia a “Escola Pratt”- Curso de Datilografia do Prof. João Batista de Moraes e a “Escola de Corte e Costura” de D. Haifa Bechara Abicalil, auxiliada por suas filhas Sofia e Nair.

No lar, as meninas ajudavam suas mães, em pequenos trabalhos domésticos, e aprendiam a bordar e a fazer outros trabalhos manuais. Muitas tinham aulas de piano com as professoras Mariana Brito, Elza Pamplona Xavier de Brito, Henriqueta Esteves Ferreira Alves, Hercília Lomônaco Levoratto, Madre Roselli, Mary Lucy Bastos Silva, falecida, precocemente, vítima de leucemia.

Também, havia a “Escola Alemã”, onde se encontra, nos dias atuais, a Igreja de São Bento Abade (Bairro Ypu). Em junho de l947, o círculo intelectual de nossa cidade era enriquecido, com a fundação da Academia Friburguense de Letras.

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