O Comércio – Um retorno aos anos 40 (parte VI)

22/01/2015 20:46:03
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As Padarias
Havia um bom número de padarias: a “Flor do Oriente”, a popular “Padaria do Mello” ou “ Mellinho”, de propriedade de Carlos Magno Mello e de seus filhos; a “Suspiro”; a “São Jorge”(hoje, “Superpão); a “ Rio Branco”(antiga “Spinelli”, depois “Suiça Brasileira”); a “Santo Antônio”; a “Friburgo” de Sebastião Cardoso e Narciso Moraes; a “União”; a “São Sebastião”, a “Casabranca”dos irmãos Fabris; a “Rufino”.
A “Leiteria São José”, além do leite e de seus derivados, vendia gelo.

As Livrarias e Papelarias
Os estudantes contavam com os artigos de papelaria e livraria do “Bazar Oliveira” de
propriedade de Domingos de Oliveira, o “Seu” Dominguinhos”, da “Simões” (na época, se encontrava no lado par da Rua Alberto Braune), do “Empório de Papeis” de Bernardino Gomes.

As Quitandas
As quitandas de José Jorge Abicalil, de Inocêncio Teixeira, de Joaquim Pinto e de Halim Abbud, esta última na Rua 7 de Setembro, eram muito afreguesadas.Na Rua do Arco havia um bom número de quitandas, a que se destacava era a de “Seu” Bieca”.

Os Armazéns
Naquele tempo, não havia supermercados. Os cereais, secos e molhados eram comprados em armazéns como: o de Manoel Magalhães (o “Seu” Magalhães); o de Antônio Longo; o de Rosa e Amil Nemen; o de Salim Aboumurad; o de Manoel Agostinho, o“Gaúcho” dos sócios Garrido e Francisco Madeira; o “Serrano” de Felício Levoratto; o “São Jorge” de Jorge Abbud; o “Tupã ” de João Machado Gomes;o “Aurora”dos irmãos Domingos e Antônio Moreira, o “Campista”(na esquina da Ruas General Osório e Sete de Setembro, hoje, Aristão Pinto); o“Folly” de Juvenal Folly e de Felipe Santos; o “Brasil” de Aristides Machado; de José Barbosa, o “Esperança”; a tradicional “Casa Merecci”, na Av. Euterpe; a “Casa Colosso” de Salvador Magliano, sortida mercearia com bebidas e conservas importadas. Muitos eram os armazéns na Rua Leuenroth. Todos entregavam as compras a domicílio, e pagas no final do mês, anotadas num caderninho.

Os Açougues
Vários eram os açougues: o “Ipanema” de Zizinho Cordoeira (hoje, “Garrotão”); o “Vitória” ( Rua Sete de Setembro) de Edith Pinto de Faria e filhos; o “Esperança” de Guniforte Farias (pai dos cineastas Roberto, Rivanides e Reginaldo Farias);o do português Avelino Pimenta, numa das lojas da Associação Comercial; o de Alfeu Palma, na Rua do Arco; o “Progresso” de Ernesto Bizzotto Filho; o “Ideal” de Ceci Cantelmo.

Outros Tipos de Comércio
Existiam uns estabelecimentos comerciais que, além de secos e molhados, vendiam louças, cristais, ferragens como o “Armazém Santo Antônio”(hoje, “Casa Lealtex”), e a “Casa Knust” conhecida pelos artigos acima mencionados e pela venda de instrumentos musicais e arreios para montaria (esquina da Alberto Braune com a Duque de Caxias, hoje, Edifício Mezaninos).

A “Casa Miele”, a “Casa Rezende”, a firma “Amélio& Irmãos” com materiais de construção, fogões, ferragens, bem como a “Casa Hissi” especializada nestes dois últimos.
Duas lojas de louças, cristais,luminárias, pratarias se destacavam: o “Bazar Friburgunse” , de Walter Cardoso e a “Casa Bizzotto” de José Bizzotto e irmãos.

A “Ótica Friburgo” de Epaminondas Moraes além de seus artigos específicos, vendia, ainda, material fotográfico, como máquinas e filmes.

Contávamos, também, com uma vidraçaria, “Ao Espelho Friburguense”,com espelhos, molduras, quadros, vendendo imagens e outros artigos religiosos de propriedade de Jerônimo Mário de Azevedo.

A floricultura se chamava “Ao Cravo Friburguense” (uma alusão a Friburgo que, na época, era considerada “ Cidade dos Cravos), localizada numa das lojas do prédio da Associação Comercial , sendo de propriedade de Alfredo Gomes, genro do benquisto comerciante Manoel Agostinho.

A “Casa Edson” vendia instrumentos musicais e os mais recentes lançamentos da indústria fonográfica. Os discos eram de 78r/m e confeccionados com cera de carnaúba.

Elias Jabour era proprietário de uma loja de artigos elétricos: rádios, ferros de passar roupa, eletrolas, lâmpadas, ventiladores, lustres, etc. A “Casa de Couros Mattos” era especializada em arreios para montaria, artigos de couro em geral, ferragens, etc.

As Casas de Móveis
O “Bazar das Noivas”, de propriedade de Domingos Miranda, era uma sortida casa de móveis, de preços módicos, na esquina da Alberto Braune com a Campesina (atual Fernando Bizzotto), sendo também colchoaria. Os colchões eram confeccionados com “crina”,um capim especial para este fim, e os travesseiros, com paina.
Havia um bom número de casas de móveis e de colchoarias na Rua Visconde de Bom Retiro(Moisés Amélio). Para dormir no chão, usava-se a esteira, não existindo o colchonete.

As Torrefações
Os apreciadores de um bom café, podiam contar com as torrefações seguintes: “Café Primor – O de Melhor Sabor” ( de Alberto de Jorge e Vitorino Pinto Costa, na Rua Alberto Braune 99); “ Café Moraes” (hoje, no local, o Ed. o Folly); “ Café Ramos Pinto”( Rua Visconde de Bom Retiro, atual Moisés Amélio).

As Joalherias
As joias podiam ser adquiridas nas seguintes joalherias:“Mazzei” de José Mazzei, “ A Turmalina” de Domingos Lomônaco e a “Brilhante” de Antônio Brilhante.

As Marcenarias
A serraria e marcenaria de José Saldanha, situada na Rua Alberto Braune, 59/61, era a que mais se destacava dentre as existentes. Além de portas, janelas, portões e móveis, fabricava, também, caixões fúnebres.

As Alfaiatarias
Os homens contavam com alfaiates competentes como: Sidney Souza, Felipe Abbud, João Vasconcelos, José Dias e Francisco Mastrângelo. Este último, estabelecido na Praça XV, n° 94 (Getúlio Vargas), expunha o terno concluído, num manequim, em uma vitrine iluminada por lâmpadas fluorescentes. Uma inovação admirada por todos, especialmente, pelas crianças.

“A Pequena Loja da Rua Principal”
Dentre todas as casas comerciais citadas, havia uma, pela qual eu tinha um carinho especial, o “Bazar São João”- “A Pequena Loja da Rua Principal”- uma casa modesta de preços módicos. A vitrine era um armário envidraçado, qual uma cristaleira, pintado de verde. Panos de cozinha riscados, para bordar, ficavam pendurados na entrada da loja. Ali eram vendidos botões, agulhas, linhas, novelos de lã, bibelôs,brinquedos de madeira, de lata e de celuloide, bebês de papelão e de massa vestidos de papel crepom, enfim, tudo o que constituía o fascínio da criançada. O proprietário era João Batista Duarte, um senhor de idade, magro, alto, de cabelos brancos, e com os óculos na ponta do nariz, olhando os fregueses, por cima da armação, lembrando o “Gepetto” da história do “Pinóquio”. Ele era auxiliado pela sua filha Maria, sempre muito gentil. Pareciam saídos de alguma historia infantil, de algum conto de fadas. Naquele lugar, tudo era mágico.
O “Bazar São João” ficava na Rua Alberto Braune, quase em frente à residência de Dona “Santinha” (Elisa) Sertã, atual Supermercado Extra .

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