Joaquim José da Silva Xavier – Tiradentes – Líder da Inconfidência Mineira

20/04/2015 20:10:59
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No feriado de 21 de abril, a figura histórica Tiradentes é homenageada – com justa razão – pelo seu patriotismo, pela sua dedicação à causa da independência, pelo seu entusiasmo em propagar os ideais do movimento, que seria conhecido por Inconfidência Mineira, pelo seu heroísmo e por seu martírio.

Eu, nesta data, quero homenagear as virtudes, as qualidades, o temperamento, os afetos, a religiosidade do homem, Joaquim José da Silva Xavier.

Nasceu em 16 de agosto de 1746, na Fazenda Pombal, nas proximidades de São José Del Rei (hoje, Município de Tiradentes) no Estado de Minas Gerais, tendo seis irmãos: três meninos e três meninas. Ficou órfão da mãe, Antônia da Encarnação Xavier aos nove anos de idade, e do pai, Domingos da Silva dos Santos, aos onze anos, quando a família se dispersou. Foi levado para a casa do padrinho de batismo, o dentista Sebastião Ferreira Leitão, onde foi criado. Aprendeu, na sua companhia, a arte de extrair dentes e substituí -los por outros, se tornando tão hábil neste mister, que ganhou o apelido de Tiradentes. Sabia tratar de feridas, fazendo curativos, como poucos, sendo profundo conhecedor de mineralogia. Por um certo tempo, foi tropeiro, mas acabou por vender as mercadorias e os animais para pagar uma pesada multa e as custas do processo, por ter socorrido um escravo, que estava sendo castigado.

Ingressou, então, na 6ª Companhia de Dragões da Capitania das Minas Gerais, como oficial, no posto de Alferes (corresponde a 2º Tenente), e a seguir foi nomeado comandante de patrulha do Caminho Novo ( que ligava Minas ao Rio), cuidando da conservação da estrada e mantendo-a livre de assaltantes. Por ali passavam os carregamentos de ouro e de diamantes, com destino ao porto do Rio de Janeiro, onde eram embarcados para Portugal. Viu tanta riqueza escoar da Colônia para a Metrópole, por aquele caminho, que o sentimento de independência foi crescendo em sua alma.

Por sua competência, era requisitado para acompanhar o Governador de Minas, em expedições de reconhecimento dos sertões. Sua tarefa era traçar mapas, pesquisar terras para mineração, identificar minerais, acudir quem necessitasse de seus préstimos de cirurgião dentista. Em suas constantes e longas viagens, fez muitas amizades. Muito simpático e conversador, sempre tinha um caso interessante para contar. Era alto, magro, forte elegante, chegando a ser vaidoso. Foi pai, por duas vezes: a primeira, do menino João, com a mulata Eugênia Joaquina da Silva; a segunda, da menina Joaquina, com a viúva Antônia Maria do Espírito Santo.

Nas periódicas viagens, entre Minas e Rio, através do Caminho Novo, ele fazia várias paradas, e uma delas era em Sebollas ( que muitos usam a ortografia Cebolas), hoje, Inconfidência, distrito de Paraíba do Sul, RJ, onde conheceu a jovem Ana Mariana Barbosa de Matos, por quem se apaixonou. Ela era sobrinha do Padre José de Oliveira Rolim (que, futuramente, seria um dos inconfidentes), e correspondeu à afeição do alferes. Contudo, não puderam levar adiante aquele romance, pois a moça já estava prometida em casamento a outro cavalheiro, com o qual acabou se casando.
Depois de doze anos de vida militar, Joaquim José pediu uma licença, quando foi tentar vida nova, no Rio de Janeiro. Diversos projetos seus já se encontravam na Câmara Municipal, aguardando aprovação, como: projeto de construção de armazéns no cais do porto: projeto de abastecimento de água para a cidade, canalizando as águas dos rios Andaraí e Maracanã, etc.

Agora, tinha de praticar a profissão de dentista, para sobreviver. O tempo passava, o período de sua licença chegava ao fim, sem ver a aprovação de seus projetos. Ele, então, retorna a Minas e às suas atividades da vida militar e, por conseguinte, às suas viagens pelo Caminho Novo, quando toma conhecimento de que sua amada, Ana Mariana, estava viúva. Não havia mais impedimento entre ambos e o romance recomeçou. Sempre que estava viajando entre Minas e Rio, Sebollas era parada obrigatória para Joaquim José que, cada vez, mais se dedicava à Causa da Independência.

Era um entusiasta e grande propagandista do movimento que ganhava corpo e muitos adeptos, mas que malograria, pela traição de Joaquim Silvério dos Reis, no ano de 1789. Os inconfidentes ficaram presos incomunicáveis, por três anos, aguardando suas sentenças. Todos foram condenados à morte, mas teriam suas penas comutadas em degredo, com exceção de Tiradentes, que foi enforcado no Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1792, tendo seu corpo sofrido o esquartejamento. A cabeça foi exposta em Vila Rica (atual Ouro Preto) e as outras partes do corpo pregadas em postes através do Caminho Novo. Uma de suas pernas foi enviada para Sebollas e posta diante da porteira da fazenda de Ana Mariana que, auxiliada por seus escravos, a recolheu, sepultando-a sob o altar da capela da sua fazenda. Eu avalio com que sentimento de dor, ela o fez. A visão daquela cena macabra e a ausência do ente querido, com certeza, amarguraram-lhe os seus dias até o fim de sua vida.

Ao falecer, ela foi sepultada junto do pedaço do corpo do seu amado, sendo que, em 1972, os restos mortais do casal foram encontrados, confirmando o que dizia a tradição. No local, se encontra o modesto Museu Sacro-Histórico da Inconfidência.

O símbolo que Joaquim José criou para o movimento da independência – o triângulo que representa a sua devoção à Santíssima Trindade, contornado pela expressão latina, “ LIBERTAS QUAE SERA TAMEN” – continua vivo na bandeira do glorioso Estado de Minas Gerais, motivo de orgulho para todos os brasileiros.

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