Estreia esta semana Os Dez Mandamentos – O Filme. Contradizendo o título, é difícil assistir a essa produção como algo feito e com qualidade condizente para ser exibido nos cinemas. Exibido originalmente na televisão, com algumas cenas novas para o cinema, em uma situação normal teria ido direto para o mercado de DVD, passando longe das grandes telas. Mas como é algo que vaga entre o filme didático e a publicidade e é patrocinado pela indústria da fé, conseguiu nada menos que 1100 salas, praticamente 1/3 de todas no Brasil e com vários horários esgotados. Interessante é que mesmo em sessões esgotadas, a lotação não passou de 40% da ocupação das salas. Questões a parte o importante é o filme e é complicado achar algo de bom ou que tenha qualquer relevância para o público em geral. É uma narrativa didática com cenários inverossímeis e uma produção de arte inocente, para ser bondoso. O resto são cenas com belas paisagens, cenas em estúdio com planos restritos aos cenários pequenos, uma música que só visa exaltar as cenas sem qualquer qualidade melódica e atuações sofríveis. Para ser correto, Paulo Gorgulho é o único que consegue fazer algo próximo a uma atuação dramática. Também incomodam as preces e o direcionamento mais publicitário do que dramático. O objetivo é a venda e isso condena o filme a uma obra menor, sem arte ou relevância cinematográfica. Ainda assim tem o público que vai gostar, mas não é para quem gosta de cinema. Na verdade não é cinema. A indicação etária é para 12 anos.
Outra estreia esta semana é Caçadores de Emoções – Além do Limite. Mais um filme dos anos 90 ganha um remake modernoso. Difícil é repetir a boa química entre Patrick Swayze e Keanu Reeves, assim como a atmosfera cool dos surfistas nos anos 80. O enredo é basicamente o mesmo, um agente do FBI se infiltra em uma gangue de ladrões radicais que possuem uma filosofia no estilo Robin Hood. O problema é que Luke Bracey não cria qualquer identificação com o público e, como Edgar Ramirez está muito acima no quesito interpretação, ocorre um desequilíbrio na balança. A dúvida e o equilíbrio entre os protagonistas no filme original eram a base para a tensão. Outro problema é o roteiro fraco e com diálogos sofríveis. O que salva são as cenas de esportes radicais. Algumas feitas com ângulos nunca antes vistos e é provavelmente onde estão os melhores momentos do filme. Apesar de ser considerado um remake e das referencias, não tem o carisma e o equilíbrio do original e pode ser encarado mais como um filme inspirado do que uma refilmagem. Vale o ingresso pelas belas imagens em 3D, mas sem nostalgia. A indicação etária é para maiores de 14 anos.
Por fim estreia também esta semana Pai em Dose Dupla. A premissa é bem simples, um pateta inseguro e nada descolado se vê ameaçado quando o pai bonitão dos filhos da sua esposa decide aparecer depois de muito tempo. Will Ferrell e Mark Wahlberg vão disputar a mulher e as duas crianças no estilo “pai exagerado” ao extremo. Daí já se pode prever as sequencias de cenas com embates e ações descabidas. Tudo muito bobo e com efeitos especiais sofríveis. Os atores não salvam um roteiro óbvio e pouco inspirado e as risadas são raras. Provavelmente quem salva um pouco é Hannibal Buress que consegue fazer um contrapeso e até ser engraçado. No todo é muito ruim, previsível e esquecível. O diretor Sean Anders, mesmo depois de anos como roteirista de comédias, erra a mão mais uma vez ao procurar saídas fáceis e sem inspiração. Só vale mesmo para os menos exigentes ou para quem gosta de entretenimento mastigado e paspalhão. Recomendo muita pipoca para ter o que fazer ou do que lembrar. A indicação etária é para maiores de 12 anos
*Vale informar que em Nova Friburgo os cinemas estão com uma promoção para esta semana com todas as sessões por R$ 6,00. Menos para Os Dez Mandamentos – O Filme.
Sugestão:
Para ver em casa a dica desta semana vai para a série How to Get Away with Murder. Estrelada pela Viola Davis, tem como plot narrativo as aplicações das ciências jurídicas sem escrúpulos vivenciado por estudantes que não medem esforços para impressionar e atingir seus objetivos. Mortes, traições e muita correria marcam essa série cuja a ética, é o que menos importa.
