Estreia esta semana nos cinemas Aliança do Crime. Baseado no livro de Dick Lehr e Gerald O’Neill, os repórteres que cobriram o caso, o filme conta a história do gângster Whitey Bulger, um dos criminosos mais bárbaros e lendários dos Estados Unidos. São três décadas contadas através de flashbacks com muitas reviravoltas num jogo de poder que vai muito além da lei. Na verdade, o laço que move os protagonistas foi escrito nas ruas da violenta Boston dos anos 70. A produção de arte faz um belo trabalho com a caracterização da época, as cores e com a maquiagem. O ponto alto, como acontece nesse tipo de filme, está na qualidade do roteiro e do elenco. Benedict Cumberbatch, Dakota Johnson, Kevin Bacon, Jesse Plemons, só para citar alguns, fazem boas aparições mas o destaque mesmo fica com o Joel Edgerton, que rouba a cena ao interpretar um agente do FBI, e Johnny Depp que chama a atenção pela caracterização. Dá até para dizer que é um dos melhores trabalhos de Depp. No início a careca, a lente azul e tudo mais chama muita atenção, mas aos poucos, a interpretação ganha força e revela a face de um criminoso impiedoso e assustador. É sempre bom ver atores de talento como Johnny Depp em papéis mais maduros, fora do universo infantil. O roteiro foi bem desenvolvido e sustenta o enredo em uma narrativa não linear mas bem explicada, direcionando o olhar para o ponto mais forte do filme, o elenco. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.
Outra estreia em Nova Friburgo nesta semana é Victor Frankenstein. Desde a primeira publicação do livro de Mary Shelley que só tinha 19 anos quando o escreveu, até os dias atuais, inúmeras adaptações e versões para o teatro, a televisão e o cinema vem sendo constantemente realizadas. É um clássico no imaginário dos personagens de terror. Estrelado por Daniel Radcliffe e James McAvoy, o enredo faz uma adaptação livre explorando a divindade da criação de forma rasa e pouco fundamentada. Méritos para a produção de arte, principalmente no início com as cenas no circo, para a fotografia competente e para alguns planos que privilegiam distantes pontos de fuga nas imagens. Os protagonistas fazem um bom feijão com arroz mesmo com alguns exageros pertinentes ao ambiente do filme. O problema está no roteiro que é preguiçoso e que baseia sua força em uma “brincadeira” sutil mas que poucos vão entender. As questões sobre a divindade da criação não sustentam os embates com o policial conservador. Os problemas da obsessão do Victor tem muletas tortas e não justificam suas ações. Sobre a “brincadeira”, eu vou contar. Igor é o monstro às avessas, a parte humanizada do rejeitado que só quer ser como todo mundo. A metade humana separada da criação profana. Isto é, Radcliffe também é em parte o monstro de Frankenstein. Muito diferente do original mas, ao menos, tenta inovar. Apesar de ser um filme que não sabe bem para onde vai ou a que veio, vale sim o ingresso e a indicação etária é para 12 anos.
Representante do cinema Nacional, Bem Casados é mais uma estreia desta semana. É sim a típica comédia com atores que já formaram par romântico em novelas que chega às telas com as eternas e sempre atuais questões sobre as maravilhas e as decepções do casamento. O enredo é sobre um solteiro convicto que trabalha com cerimonias de casamento e é recrutado pela amante do marido que articula uma forma de impedir o casamento. Apesar de parecer muito clichê e obvio, o filme consegue ir um pouco além e discute um pouco a psique humana e os nossos comportamentos obsessivos. Destaque total para a dupla Alexandre Borges e Camila Morgado. Mesmo com boas participações de outros atores, foi um grande acerto apostar nessa dupla. Alexandre Borges tem experiência e carisma e Camila Morgado está surpreendente em um papel cômico e bela como sempre. O roteiro tem furos mas cumpre bem sua proposta. É previsível mas aposta na qualidade dos protagonistas e consegue fazer um pouco do bom debate. O melhor mesmo é que o filme é engraçado e cria identificação com o público, afinal, quem nunca pensou em se casar ou em nunca se casar? É uma comédia que tem lá seus méritos e pode ser uma boa opção para assistir nesse final de ano. A indicação etária é para maiores de 14 anos.
Sugestão:
Para assistir em casa a dica da semana é para Cake. Um drama forte e emocionante com uma Jennifer Aniston como nunca antes se tinha visto.
