Filmes da semana 26/08 até 01/09

26/08/2016 19:04:11
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Estreia esta semana em Nova Friburgo Águas Rasas. Esse é um daqueles filmes que tem tudo para ser clichê, mas quando o Diretor sabe o que quer e como fazer pode se transformar em algo muito bom. Jaume Collet-Serra, diretor espanhol de filmes de ação como Noite Sem Fim e Sem Escalas, entendeu que um filme sobre a luta pela sobrevivência em uma situação extrema vai além de ficar criando clima e um rosto desesperado. É necessário transportar o público para o drama e fazê-lo sentir a mesma agonia para ganhar força e justificar as soluções. Como é um filme com praticamente uma única personagem, todo o resto precisa ter peso e influência narrativa e esse é o grande mérito do filme. As cenas são incrivelmente bem feitas, sejam aéreas, submersas, durante os momentos do surfe e com câmeras variadas dando uma dose razoável de realismo. O problema, como sempre, está no roteiro que desvia a essência do plot sobre a luta pela sobrevivência simples e direta, acrescentando elementos de drama familiar para tentar criar identificação com o público. Não chega a estragar o trabalho, mas prejudicou muito. O enredo é sobre uma jovem que após a morte da sua mãe, deixa uma promissora carreira de lado e vai para uma praia deserta, um tipo de lugar secreto que sua mãe falava. Lá ela surfa e tenta se conectar com a natureza até que aparece um tubarão gigante, morde a sua perna e fica a espreita enquanto o moça acha um pequeno local para se proteger, mas o tempo é curto pois a maré vai subir e ela precisa achar uma solução. É um suspense bem feito que usa como armas cenas belas e realistas, a psicologia da luta pela sobrevivência e uma trilha sonora na medida certa. Dados também são informados ao público para aumentar o suspense. Na verdade, vale tudo, tem até posts do instagram. Mas é importante ressaltar que apesar de nem sempre ser usado para uma boa causa, o recurso de exibir mensagens nesse caso deu certo. Pena essa tentativa do roteiro no drama de família que descaracteriza e torna tudo piegas. Vale o ingresso pelo visual caprichado e pelos bons recursos narrativos que foram usados para ir além de um filme sobre um ataque de tubarão. A indicação etária é para maiores de 14 anos.

Para as crianças estreia esta semana Pets – A Vida Secreta dos Bichos. Animação com animais falando não é novidade, nem mesmo quanto aos momentos fora do olhar humano, mas a abordagem do pet entediado e dependente de atenção até que tem algo de novo. A ideia é boa e certamente vai agradar as crianças. No geral é o mesmo de sempre. Animais fofos em geral e um protagonista que se vê obrigado a sair da sua zona de conforto e vai rumo à tradicional jornada do herói. O enredo é sobre Max, um cachorro que vive com sua “dona” em um prédio em Manhattan e quando ela sai para trabalhar um universo próprio dos animais se revela. Tudo ia bem até o dia que Duke é adotado e vai morar com eles. Claro que tem o alívio cômico, o vilão, romance e o herói! A animação se caracteriza pelas cores, músicas, cenas feitas para 3D e muita correria. O problema é que as personagens não conseguem criar real afinidade com o público. Falta carisma. O roteiro se perde ao tentar resolver questões e as soluções são infantis até mesmo para as crianças. Algumas cenas lembram musicais, como a da fábrica de salsichas, é uma abordagem lúdica que o filme persegue desde o início. No geral é uma boa animação mas muito infantil e que não vai agradar o pessoal acima dos 12 anos. Além disso fica a sensação de que já vimos ou não? Isso acontece quando um filme tem boas referências mas não vai marcar, vai vender pouco DVD e não tem brinquedos para comprar. Vale o ingresso só mesmo para o público infantil. Os pais vão precisar de um pouco de paciência. A indicação estaria é livre. 

A última estreia desta semana em Nova Friburgo é Quando as Luzes se Apagam. Cinema é a impressão da luz em uma sequencia de no mínimo 24 quadros por segundo, criando a “ilusão” do movimento constante para o olho humano. Portanto sem luz não temos imagens, nem cinema, será? Esse é o ponto de interesse visualmente narrativo e bem aproveitado no filme. Diana, a menina que sofreu e se tornou uma assombração vive e se alimenta do escuro total. Esse jogo sobre a presença e a ausência da luz é muito bem executado, um tipo de Yin Yang entre as trevas e a luz. Essa impossibilidade de se atingir uma luz absoluta vai criando um clima de agonia e suspense, afinal, quem nunca teve medo do escuro? Mas o filme não é só isso. Existem problemas familiares que resulta em um sólido drama psicológico. Essa é a essência de um bom filme de terror. São personagens complexos que dão base para uma estrutura dramática interessante. O roteirista Eric Heisserer se aproveitou bem disso. Na verdade, o filme se destaca do terror mediano tão comum atualmente. Não que seja algo fantástico, mas impressiona principalmente devido ao reduzido orçamento e o bom resultado alcançado. Isso é devido ao bom trabalho narrativo com a luz, as atuações firmes e consistentes e ao peso psicológico das personagens. Destaque para a experiente Maria Bello, para Teresa Palmer e o menino Gabriel Bateman. Pena que por mais que tentem fugir, o clichê, os sustos gratuitos e situações bobas para dar explicações insistem em aparecer. São cenas inseridas só para explicar. Essa coisa de ficar explicando demasiadamente inibe o raciocínio do público e exige sempre soluções, o que pode, e é o caso, ficar inventando firula narrativamente desnecessária. Independente disso, é um bom filme de terror e pela cara, vai virar franquia. Vale muito o ingresso principalmente para quem gosta do gênero. A indicação etária é para maiores de 14 anos.

Sugestão:
Para assistir em casa a dica desta semana vai para O Lobo Atrás da Porta. Do diretor Fernando Coimbra, representante da nova safra nacional, o filme é um suspense psicológico bem construído e com personagens complexos. Baseados em fatos reais, é um bola de neve que certamente vai surpreender no final.

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