Filmes da semana 24/02 até 02/03

25/02/2017 09:52:22
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A principal estreia desta semana nos cinemas é A Grande Muralha. Esse é o bom exemplo de como está se construindo a nova ordem mundial. O sucesso na China é tão importante que aparecem pérolas como essa. O engraçado que o filme não é só ruim, conta a fábula do ocidental que salva tudo e a todos e á agraciado com a “sabedoria” e dignidade. Isto é, uma bobagem difícil de engolir. O enredo é sobre um grupo de exploradores que viajam para o oriente em busca de pólvora para conseguir riqueza  e se deparam com um uns mostrengos parecidos com os do primeiro filme do HellBoy. Claro que eles dão de cara com a muralha que é onde praticamente tudo acontece. Só salva mesmo o figurino, que apesar de parecer anime, é bonito e algumas cenas que envolvem a engenharia por dentro da muralha. O resto é sofrível, desde o roteiro até mesmo o CGI. É justificável por conta de mercados e contratos, mas é triste ver atores como Matt Damon, Willem Dafoe e Pedro Pascal, com seu bigodinho “mexican style”, em uma produção tão abaixo do que estamos acostumados a ver. Me causa estranheza um filme dirigido e ambientado na China ter um enredo tão clichê que mostra os chineses como um povo organizados e inteligentes mas incapaz de resolver o problema, quase bobos. Aí tem o herói ocidental, um cowboy que além de salvar a lavoura ainda arrebata o coração das moças. Complicado não é? Mas o filme é assim, uma fábula boba, com cara de Jiraiya e com um acabamento sofrível que vai provocar risos pelos motivos errados. Em pleno carnaval só vale o ingresso para que realmente quer fugir do samba, a indicação etária é para maiores de 12 anos.

A outra estreia desta semana é Internet – O Filme. Mais do que uma tendência, a migração de youtubers para o cinema já é uma realidade e, sinceramente, vejo até com bons olhos. Acredito que bons talentos surgem também de forma natural e certamente uma coisa que esse povo tem é carisma o que isso faz toda a diferença. Claro que temos um enorme abismo entre falar amenidades e contar piadas para uma câmera em casa e construir uma peça fílmica relevante e dramaturgicamente interessante. No filme a narrativa tenta seguir uma linha tradicional mas a superficialidade e a miscelânea de personagens irrita e torna tudo um mosaico sem um núcleo narrativo capaz de sustentar a coisa toda. Claro que estamos falando de um universo diferente do cinema e, portanto, eu diria que é um filme para quem gosta desse povo do youtube. Não tem meio termo, é gostar ou odiar. No geral é tudo muito ruim, desde a voz em “over” até as insistentes interrupções minam a paciência do público, mas o filme tem alguns bons momentos. Esse povo sabe fazer piada e quando acerta sai coisa boa. Destaque para as cenas após os créditos e alguns momentos com Mr. Catra, a Kéfera, Gabi Lope, Gusta Stockler e a zuada ao comercial sem sentido com imagens no meio da programação que o SBT insiste da jequiti. O mais interessante mesmo é a autocrítica que o filma carrega dando corpo e identificando os esteriótipos moderninhos e suas personas. Só vale mesmo o ingresso para quem curte essa galera e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

Por fim a última estreia nos cinemas de Nova Friburgo nesta semana é Monster Trucks. Curiosamente no final de semana do Oscar 2017 entram em cartaz filmes muito abaixo da média. Entendo que a idéia por trás de Monster Trucks é boa, principalmente a intensão de mergulhar em uma contextualização com cara de anos 80 muito presente em series de sucesso atuais. Jovens em uma cidade pequena que desafiam a sociedade local ao ir além do marasmo e visão curta, guiados pelo sonho e a certeza de estarem lutando pelo o que é certo. Mais do que isso, o filme trabalha fortemente em criar uma conexão entre as personagens e seus carros. O enredo é sobre um animal pré-histórico que vem para a superfície após um desastre causado por uma empresa exploradora de petróleo. O simpático animal rapidamente cria uma forte amizade com um jovem vivido por Lucas Till e o interessante é que ele se alimenta de petróleo e cria uma forte identificação com a picape do rapaz se transformando, de certa forma, em um super motor para a camionete. Trocadilhos a parte, Moster Trucks tem boas sequências com a dos carros e um “monstro” simpático e engraçado mas só isso não basta para fazer um bom filme. A química entre os atores e péssima, tudo tem cara de sessão da tarde e o pior de tudo é que não é engraçado, tirando claro, o mostrengo fofo. A Nickelodeon abandonou o projeto no meio e depois voltou como coprodutor mas a coisa toda foi desandada desde o início. Só vale o ingresso para quem gosta muito de pipoca e dos carros da dodge. A indicação etária é livre.

Para as crianças a estreia desta semana é Bugigangue no Espaço. Esse é um daqueles desafios gigantescos que poucos tem a coragem ou a inocência de encarar. Fazer uma animação nacional que tenha um bom nível técnico e que agrade tanto as crianças como os adultos. Alê McHaddo até tenta inserir bons elementos e fazer referências mas se perde ao desenvolver um roteiro simplório, as vezes bobo e com momentos até com certo mal gosto. Acerto em algumas referências Nerds e até ao Chaves mas são poucos momentos ou elementos que salvam. Claro que não se espera um nível visual com a qualidade de estúdios como a Disney, DreamWorks ou Blue Sky, mas isso não justifica ter dentro a mesma animação níveis diferentes de qualidade. Outro problema é que se trata de noventa minutos e a pouca expressão das personagens cansa e infantiliza muito visualmente e narrativamente. Na verdade o problema principal está no roteiro sem ritmo e que subestima o público. Os pontos altos estão nos simpáticos Invas que criam boas situações cômicas para as crianças, nas músicas e nas vozes do Guilherme Briggs, Danilo Gentili e Maísa Silva. O enredo é sobre uma nave espacial com os atrapalhados Invas que cai na Terra após fugir de um cerco do vilão Gana Golber e que encontram uma turma de crianças dispostas a ajudar a reestabelecer o equilíbrio no universo. Claro que temos que lembrar de que estamos no Brasil e que nunca emplacamos uma animação, portanto, valeu muito o esforço de todos os envolvidos e desejo mais sorte da próxima vez. Vale sim o ingresso para as crianças e a indicação etária é livre.

OSCAR 2017 – Domingo, dia 26 de fevereiro é o dia da maior premiação do cinema mundial, o Oscar 2017. Para deixar você bem informado vou fazer um pequeno comentário da impressão que tive ao ver cada um dos indicados à categoria de Melhor Filme.

– A Chegada
Um ótimo trabalho do diretor Denis Villeneuve que usa o contexto da chegada de alienígenas a Terra para debater a coragem, as frustrações e principalmente os caminhos que percorremos na vida. Destaque para a fotografia e a trilha sonora. Passou em Nova Friburgo, é um ótimo filme mas a indicação já é o seu prêmio.

– Até o Ultimo Homem
Mel Gibson conta uma parte da vida de um médico do exército na segunda Guerra Mundial que se recusava a carregar uma arma. Apesar do eterno problema dos filmes de guerra que insistem em nos posicionar de um dos lados, o filme vai muito além disso e sua principal questão é sobre a superação, os princípios morais e o maior campo de batalha que está dentro de nós. É emocionante e tem tudo que o Norte Americano gosta. É um tipo de Rambo às avessas. Não passou por aqui.

– Lion: Uma Jornada para Casa
É um belo filme que cria muita identificação com todos nós por abordar assuntos comuns aos nossos. Também baseado em fatos reais, conta a luta de um indiano que se perdeu e foi adotado por uma família na Austrália. É uma jornada por descobertas, tolerância e debate a própria vida com suas oportunidades. Ameaçou mas não passou em Friburgo.

– Moonlight: Sob a Luz do Luar
Com 8 indicações ao Oscar o filme aborda diferentes momentos na vida de um menino que sofreu com uma mãe viciada e uma infância difícil. Aos poucos ele vai se descobrindo e entre muitas dificuldades na vida, ele se descobre gay. É um filme que trata o assunto com inteligência e se baseia na qualidade do roteiro e das personagens para sustentar a narrativa. É forte e a direção lembra muito filmes europeus e até brasileiros, pode não agradar a todos. Não passou por aqui.

– Um Limite Entre Nós
Baseado em uma premiada peça de teatro de mesmo nome “Fences”, Denzel Washington traz para os cinemas o mesmo trabalho brutal sobre as condições de uma família negra do meio do século passado com o mesmo elenco dos palcos. É sim teatro no cinema e apesar da qualidade do texto do Augusto Wilson, não é um filme para todos. Indicado a 4 Oscars e não passou em Nova Friburgo.

– A Qualquer Custo
É um western contemporâneo com personagens fortes e com muita profundidade. Destaque para Jeff Bridges que concorre ao Oscar e pela fotografia alaranjada. Mérito também pela qualidade dos assuntos abordados. Está em cartaz em Friburgo no Cadima.

– La La Land: Cantando Estações
Esse é o filme a ser batido. É disparado o melhor filme e vai levar a maioria dos prêmios principalmente os de melhor filme, atriz, diretor e trilha sonora. É um musical que eleva todas as boas características dos bons musicais. São diversas referências ao cinema, praticamente uma homenagem com muito bom gosto e beleza. Já vi pessoas dizendo que é triste, eu só não consigo ver nada de triste no filme, pelo contrário. Depois de ter ficado quase 1 mês em cartaz e saído, voltou e pode ser assistido no Friburgo Shopping.

– Manchester à Beira-Mar
Esse é aquele filme pesado que aborda os limites de pessoas que passaram por experiências traumáticas e como cada um lida com suas dores. Casey Affleck carrega uma dor visceral o filme inteiro e provavelmente vai levar a estatueta de melhor ator. É um filme bonito que debate dores, superações e esperanças. Não passou nem perto dos cinemas de Nova Friburgo.

– Estrelas Além do Tempo
É aquele filme certinho de superação que tenta agradar todo mundo mas fica no meio do caminho. Agradável de ver mas não é uma obra com assinatura autoral ou peso dramático significativo. Vale muito o ingresso mas irrita quem percebe que poderia ser muito melhor.

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