Filmes da semana 22/04 até 28/04

22/04/2016 18:26:21
Compartilhar

Com 4 estreias esta semana nos cinemas em Nova Friburgo, vamos começar com O Caçador e a Rainha do Gelo. Desculpem-me mas não é nada além de uma continuação descabida com o objetivo obvio de surfar na onda do A Branca de Neve e o Caçador e faturar uns bons trocados. Essa temática de conto de fadas com roupagem de filme de aventura me traz a dúvida de para que público se pretende atingir. A narrativa mais sombria é pesada para as crianças e o enredo é sem sentido para os adultos. As ações dos personagens são no geral nonsense e as rainhas beiram a esquizofrenia e a problemas psicológicos dos mais diversos. Isso sem falar do tema do casal que usa seu amor inabalável como ponte para transformar a realidade, ser brega e bobo. O enredo é o mesmo de sempre, tem traição, romance, disputa de poder, o herói bonitão e um “felizes para sempre até que dure”. Tecnicamente é tudo muito bem feito. É visualmente belo, principalmente em 3D. Destaque, é claro, para os efeitos digitais. O elenco é outro destaque, mas não pelas atuações que ficaram em segundo plano, mas pelas carinhas bonitas de nomes como Chris Hemsworth, Charlize Theron, Jessica Chastais e Emily Blunt. Não posso deixar de registrar a irreconhecível presença de James Newton Howard na trilha sonora. Sinceramente eu não sei o que esse povo tem contra a Branca de Neve, muito citada durante o filme, mas espero que parem de implicar com a moça e a deixem em paz. Vale o ingresso para quem busca entretenimento puro. A indicação etária é para maiores de 12 anos. 

A estreia nacional é Em Nome da Lei. Sempre me esforço para ver os pontos positivos e me pego, muitas vezes, falando bem das produções nacionais por conta das dificuldades de se fazer um filme no Brasil. Mas nesse caso, algo deu tão errado que fica difícil encontrar pontos positivos para destacar. O experiente diretor Sergio Rezende até consegue desenvolver cenas interessantes, a produção é esforçada com boas locações e Chico Diaz salva o elenco. Olha eu falando bem! Mas aí vem o roteiro. Do próprio Sergio Rezende é uma aula de como não se deve fazer. Esteriótipos e clichês de todos os tipos em um enredo descabido. A sequência dos acontecimentos também desanda e as soluções dos conflitos beiram ao Deus ex machina. Inspirado no trabalho que o juiz federal Odilon Oliveira realizou na fronteira, é uma pena que uma boa ideia e um tema tão relevante e atual não tenha conseguido um bom desempenho dessa vez. De qualquer forma valeu a tentativa e que venham mais filmes que possibilitem um debate tão relevante como o da luta de profissionais sérios que arriscam suas vidas em busca de um sistema mais justo e correto. A indicação etária é para maiores de 14 anos.

Para as crianças estreia No Mundo da Lua. É uma animação espanhola sobre um menino com habilidades inventivas que embarca numa aventura espacial. O impressionante é ver como a globalização engessou as particularidades regionais que não só traziam um alívio criativo como disseminavam diferentes olhares culturais. É a indústria ditando formatos para atingir o público desejado. São infindáveis as referencias e citações aos Norte Americanos, tudo muito estereotipado, até mesmo quando referenciam o Brasil. Entendo a necessidade de competir com os grandes estúdios de animação, mas para a arte é lamentável. Tirando esse detalhe, que para a maioria vai passar batido, o filme é bom e vai agradar tanto as crianças como aos mais crescidos. O enredo é bem simples e com momentos descabidos, mas o carisma do menino Marty e seu lagarto Igor vão agradar. Tecnicamente a animação não deixa nada a desejar e está bem próxima qualidade exigida e estabelecida pela Pixar e a Disney. O ponto forte, porém, são as boas sacadas relacionadas aos voos espaciais. Essas eternas lendas urbanas são interessantes e sempre rendem um novo ponto de vista. Destaque para o suposto Kubrick na montagem para televisão do homem chegando a lua. Outro ponto importante são as referencias ao cotidiano e do tema que sempre desperta interesse. Qual criança nunca tentou desenvolver suas habilidades de MacGyver ou que não sonhou em explorar o espaço? É bom programa para a família toda. Vale o ingresso e a indicação etária é livre.

A última estreia,é do melhor filme em cartaz no momento em Nova Friburgo, A Juventude. É um bálsamo de arte, inteligência e reflexão. Mas como dizem, quem avisa amigo é, não vai agradar a todos. É uma obra sutil, lúdica. Levanta mais perguntas do que oferece respostas. O filme trata do que realmente interessa, a condição humana. O diretor Paolo Sorrentino, vencedor do Oscar e Globo de Ouro recentemente, nos presenteia com um filme que vai muito além da busca do riso ou do choro por meio de dramas corriqueiros. Tudo acontece em um Spa onde hospedes e funcionários vivenciam seus medos e suas virtudes. O trabalho de direção, decupagem e cores é impressionante. A nudez e o sexo, tão presentes no filme, são tratados de forma tão suave que passam sem agredir. Nada é gratuito. Michael Caine, Harvey Keitel, Rachel Weiz e Paul Dano dão um show e demonstram o excelente trabalho de preparação de atores que foi feito. Destaque para momentos como o do “Hitler”, o inusitado Maradona fazendo embaixadas, o maestro regendo as vacas e a cena da mulher nua na piscina. Outro ponto importante são as músicas que abrem, fecham e narram todo o filme. Os diálogos são inteligentes, críticos e relevantes. Resumindo, é uma obra de arte para ver e rever. Que bom que filmes como esse tem espaço nas telas aqui em Nova Friburgo. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

Sugestão:
Para ver em casa a indicação não podia ser outra a não ser a nova temporada da série de maior sucesso de todos os tempos que inicia sua sexta temporada neste domingo na HBO, Game Of Thrones. Qual será o destino do queridinho Jon Snow que ficou sangrando na neve e criou uma comoção entre os fãs em todo mundo. É esperar para ver.

Compartilhar