Filmes da semana 22/01 até 28/01

22/01/2016 17:46:38
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Estreia em Nova Friburgo A Quinta Onda. Em mais uma tentativa de emplacar uma franquia juvenil nos cinemas, o filme é uma adaptação do primeiro livro da série de Rick Yancey. Não sei se é bom ou ruim, mas a tempos livros são lançados com a intenção de irem direto para as telas. Seriam mais um tipo de roteiro literário, se é que pode-se ver roteiro como literatura e vice-versa. A verdade é que temos mais um pouco do mesmo. O enredo conta a luta de uma menina para sobreviver e proteger sua família após uma invasão alienígena. Mas o que poderia soar como uma ficção científica é na verdade uma mistura de drama com romance adolescente. Muito previsível, a trama é inocente e meio descabida. Os personagens são os mesmos, mas numa versão mais light. Tem a menina destemida, o bonitão que quer ajudar, o comediante, o vilão manipulador e todo tipo de clichê que já conhecemos. No meio disso tudo o roteiro poderia dar mais atenção ao comportamento predador e inconsequente dos humanos que agora sofrem da mesma maneira com seres mais evoluídos. Pena que isso passa rápido e vai correndo para o amor como instrumento de transformação. Acaba tudo virando uma baba chata e vazia. Os estúdio da Sony apostaram alto em uma franquia juvenil mas subestimaram a inteligência do público alvo. Vale o ingresso só mesmo para adolescentes e se estiverem entediados em casa nas férias. A indicação etária é para maiores de 14 anos.

Outra estreia desta semana é Joy – O Nome do Sucesso. David O. Russell, conhecido por filmes como O Vencedor, Trapaça e O Lado Bom da Vida, repete a fórmula do melodrama centrado em famílias disfuncionais, inclusive com os mesmo atores principais, mas dessa vez, parece que algo não funcionou tão bem. Jennifer Lawrence, mais uma vez indicada ao Oscar, Robert De Niro e Bradley Cooper novamente juntos contam a história de Joy Mangano, uma menina prodígio que se torna a sensação do telemarketing com sua invenção. Russell tenta novamente imprimir uma marca e, para quem já outros trabalhos do diretor, vai reconhecer a narrativa lúdica e cheia de referências a classe média e ao sonho americano. Os esteriótipos são propositais e a construção da heroína em camadas cria uma atmosfera imagética que lembra sonhos fragmentados. Jennifer Lawrence está muito bem apesar de ser difícil comprar a ideia de vê-la como a mulher amargurada e com 2 filhos. Já o resto do elenco faz um feijão com arroz sem surpreender. A verdade é que o filme tem um ótimo elenco, um ótimo diretor e o enredo é muito bom, mas algo não encaixou. Não há química entre os atores em vários momentos, a produção não inovou e o roteiro se perde. Uma pena, mas talvez seja hora de Russell buscar novos ares. É como se o diretor estivesse encurralado em sua própria estética lúdica de desconstrução do american way of life. Não que já se tenha esgotado o formato ou algo do tipo, mas as vezes a fórmula não funciona mesmo. Independente disso, pode ser sim uma boa opção para assistir. A indicação etária é para 12 anos.

A estreia nacional desta semana é Reza a Lenda. Antes do lançamento criou-se uma enorme expectativa de um possível Mad Max brasuca. Todos se referiam ao filme dessa forma e sempre exaltando o fato de não ser um drama social ou uma comédia água com açúcar. De fato temos que aplaudir qualquer tentativa de se explorar todos os gêneros e subgêneros no cinema nacional, mas infelizmente a proposta que parecia boa, decepciona por conta de um roteiro ruim. A ideia de fazer uma terra de ninguém no sertão é visualmente muito boa, mas faltou enredo e experiência. Homero Olivetto, que estreiou como diretor, sabe como compor belas cenas e consegue através da música dar alguma dinâmica ao filme, mas parece que ele esqueceu que precisava de um enredo, algo concreto para contar. E para piorar os personagens são rasos e estereotipados. Cauã Reymond e Humberto Martins erram na dose, assim como Sophie Charlotte e Luisa Arraes. O elenco tem bons atores mas mal aproveitados. A pegada machista incomoda principalmente pelo papel das moças que ficam mais preocupadas em atrair a atenção do líder da matilha do que tentar qualquer outra coisa. De bom ficam as belas cenas ainda que algumas sem qualquer função, um figurino caprichado e a intensão de fazer algo fora do óbvio. Mas cinema não é só imagem, filme não é peça publicitária e o roteiro é a alma do filme. De um bom roteiro pode-se ter um bom filme mas, um roteiro ruim só pode dar em um filme ruim. Por ser um filme brasileiro de ação, vale sim o ingresso. A indicação etária é para 14 anos.

*Uma pena que as estreias desta semana são de filmes meramente medianos. Com o Oscar 2016 batendo a nossa porta, fica a pergunta: Não vão passar por aqui os filmes de primeira linha como Steve Jobs ou A Grande Aposta que já estrearam em outras praças? Uma pena, esses sim valem o ingresso.

Sugestão:
Para assistir em casa a dica desta semana vai para a série Jessica Jones. Original da Netflix, é mais uma heroína que habita o submundo da Marvel. Ela bebe, apanha e é rude com todo mundo, mas no final sempre salva o dia. Nessa época de chuvas pode ser uma boa forma de curtir o tempo em casa.

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