Filmes da semana 13/10 até 19/10

13/10/2017 17:57:34
Compartilhar

Estreia esta semana nos cinemas em Nova Friburgo A Morte te Dá Parabéns. É comum os filmes de terror usarem o assassino implacável com uma máscara bizarra, uma personagem desajustada em contraponto com o herói, e situações paranormais que iniciam um jogo de busca e experimentação. O diretor Christopher Landon consegue ajustar tudo isso, que não é fácil, e ainda adiciona um humor bem pontuado e inteligente. Este é um daqueles bons casos que somos surpreendidos pela proposta honesta e despretensiosa, feita com dedicação e conhecimento de causa. Jessica Rothe, uma boa surpresa depois de La La Land, vive uma mulher socialmente ruim e egocêntrica que sequer liga para sua família. No dia do seu aniversário, ela é assassinada, mas, para sua surpresa, ela fica presa em um loop vivendo o mesmo dia e sendo assassinada sempre ao final. Não há como não citar o ótimo Feitiço do Tempo como referência, só que o que pode parecer previsível, vai aos poucos virando um jogo de detetive e redenção. Os méritos deste filme estão na abordagem narrativa e nos detalhes. Enquadramentos e a iluminação trabalham sombras e sustos de forma suave, até gerando risos. Na verdade, é uma mistura de subgêneros entre a comédia e o terror. O roteiro desenvolve uma trama simples, mas que soube explorar os ícones e fazer tudo sem apelar. O mascarado assassino, a redenção do herói e a lição que decorre de fatos paranormais, ainda funcionam bem se trabalhados sem pretensões megalomaníacas ou apelando para o susto gratuito. O filme resultou em um bom terror, leve e sem pretensões, que brinca e assusta, sem querer aparecer demais. É aí que ele surpreende. Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

Para as crianças a estreia da semana é As Aventuras do Capitão Cueca – O Filme. Se me dissessem algum tempo atrás que a DreamWorks levaria para as telas o Capitão Cueca, eu não acreditaria. Dav Pilkey, autor dos quadrinhos, provavelmente também não. Bem verdade que de uns anos para cá, as publicações ganharam destaque nas livrarias, mas sempre muito infantis, elas ficavam restritas a um circuito e público alternativo. A aposta foi feita e as aventuras de Jorge a Haroldo viraram um filme. O enredo conta como surgiu o inusitado herói que, na verdade, é coadjuvante. Com toda a qualidade visual e musical comum a marca da DreamWorks, a narrativa tem rítmico e boas piadas, principalmente quando bebe na fonte das publicações, mas o roteiro carece de algo novo ao apostar tudo no herói nada convencional. Na verdade o grande acerto é a inversão do protagonismo que facilita a identificação do público com quem realmente interessa. Como tudo é muito simples e estereotipado, os espaços para alguma novidade ficam reduzidos. Vale a boa análise sobre o sistema escolar voltado ao aprendizado engessado e sem qualquer estímulo a criatividade. Vai ser difícil segurar a atenção das crianças menores até o final e os adultos também vão cansar pela irregularidade narrativa e a ingenuidade da trama. Confesso que sempre achei curiosa a abordagem e a descaracterização do herói convencional bem interessantes, mas cinema e quadrinhos são linguagens distintas, principalmente os infantis. Vale o ingresso só mesmo para as crianças e com muita pipoca. A indicação etária é livre.

A última estreia desta semana em Nova Friburgo é Detroit Em Rebelião. É muito bom que um filme deste calibre, que aborda um assunto tão importante, mas que não produz grande apelo do público tenha vindo para Friburgo. A diretora, atriz e produtora Kathryn Bigelow, mais uma vez mostra todo o seu talento para desafiar os nervos dos espectadores. Só por curiosidade, ela dirigiu Caçadores de Emoção, A Hora Mais Escura e desbancou Avatar do ex-marido com Guerra ao Terror. O drama é baseado em fatos reais ocorridos em Detroit no ano de 1967 que é conhecido como um dos maiores tumultos da história dos Estados Unidos. Os conflitos raciais movidos pela intolerância, violência e indignação estavam ganhando força e esse é o ponto central do filme. O enredo é sobre uma batida policial a um hotel onde um grupo de jovens, na maioria negros, curtiam uma festa. Pequenas subtramas até existem, mas o ponto central é a truculenta tentativa da polícia de localizar uma arma com o grupo. É um filme tenso, até difícil de ver e á aí que vemos todo o bom trabalho de direção, produção e de interpretação. Algo Smith, Jason Michell, Will Poulter e principalmente as meninas, Hannah Murray e Kaityn Dever fazem suas melhores atuações, tanto durante o conflito, como depois quando as marcas são evidentes. Destaque para as canções que oferecem um alívio durante toda o filme e também ao inspirado início, quando são apresentados os fatos através de telas com traços típicos do expressionismo alemão. Entre imagens em planos abertos dos conflitos, até os momentos mais tensos no hotel, Bigelow faz uso de uma linguagem narrativa comum em documentários que trabalha para contextualizar, mas que revela um descontrole da situação. Esse é o cinema fazendo sua parte e sua arte. Necessário, porém difícil de assistir. Vale cada centavo do ingresso e a indicação etária é para maiores de 16 anos.

Sugestão:
Para ver em casa a dica desta semana vai para As Neves do Kilimanjaro. A leveza das ações, das emoções e pessoas, são salpicadas em personagens que conduzem uma narrativa até certo ponto tensa. Desemprego, rejeição, incompreensão e diferenças ideológicas. Tudo em um filme simples e gostoso para se ver.

Compartilhar