Estreia esta semana em Nova Friburgo Histórias Assustadoras Para contar no Escuro. Esta é uma produção adaptada do livro homônimo de Alvin Schwartz, que se apropria nas lendas urbanas do folclore norte americano, e que conta com nomes de peso em um filme assustador e bem conduzido, que perde força ao tentar abranger uma faixa maior de público e abordar temas moderninhos de forma rasa. O enredo é sobre um grupo de adolescentes que decide entrar em uma mansão sinistra e possivelmente mal-assombrada e acabam despertando um espírito maligno com problemas não resolvidos no passado. Nada de muito novo, mas no terror, mais importante do que a história, é a forma como ela é desenvolvida e apresentada. Esses são os pontos fortes que contam com dois nomes de peso como o experiente diretor André Øvredal e um especialista na produção de monstros para o cinema, Guillermo Del Toro. O filme tem nas aparições das criaturas e cenas mais fortes os seus pontos altos. Ele tenta beber da fonte de diversos formatos do gênero já estabelecidos, isso é bom principalmente quando funciona, como nesse caso. O momento é no final da década de setenta, quando a abordagem de temas sobrenaturais tinha uma conotação diferente e esse clima, junto com o formato muito utilizado por steven spielberg com jovens que precisam resolver problemas mesmo com a descrença dos adultos, conduzem o filme que já sinaliza uma continuação. Existe um problema de ritmo e uma necessidade piegas de adentrar a temas como bullying, por exemplo, algo desnecessário em casos como esse. Os atores estão muito bem e desenvolvem sequências bem perturbadoras. No geral, é um filme que assusta, principalmente na aparição do monstro contorcionista, e tenta entregar uma boa narrativa com plots paralelos, mas que derrapa ao se engessar a um formato, possivelmente por ordem dos produtores executivos. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.
A outra estreia desta semana é Meu Amigo Enzo. Esse é sim mais um filme com cachorro que força a barra de todas as formas para em algum momento nos fazer chorar. É um emaranhado de situações e elementos que tem como objetivo, focar no dramalhão. Adaptado do livro de A Arte de Correr na Chuva, de Garth Stein, o enredo é sobre a vida de cão um e seu companheiro que guia carros em competições, contado a partir da ótica do cachorro. O filme segue o manual introduzindo as personagens, criando identificação e empatia, dando um objetivo comum, introduzindo os problemas e chegando a caminhos inimagináveis. Para essa receita, ele não poupa elementos para impulsionar a narrativa e criar o drama forçado e é isso que incomoda. Outro problema é a narrativa que fica sem uma referência coerente e se perde entre o universo canino e humano. O cachorro não se comporta exatamente como tal, e isso, desqualifica o narrador, e consequentemente, o próprio filme. O elenco tem o limitado mas esforçado Milo Ventimiglia e a ótima Amanda Seyfried, que entrega muito mais do que a personagem sugere. É um drama sessão da tarde que pode agradar, mas sinceramente espero que não vire uma tendência. O bom filme ou mesmo no teatro, a busca é do drama vem das ações e não o contrário. Vale para quem gosta de chorar com situações difíceis mas edificantes e a indicação etária é para maiores de 10 anos.
Sugestão
Para assistir em casa a dica desta semana vai para Uma mulher Fantástica. Um filme inquietante que levou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2018. Dirigido por Sebastián Lelio e protagonizado por Daniela Vega, essa produção aborda um tema aparentemente simples. Trata-se de uma mulher trans que precisa enfrentar o preconceito e a dor de perder o companheiro. Forte, relevante e essencial para todos.
