Filmes da semana 02/06 até 08/06

02/06/2017 19:06:41
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Estreia esta semana nos cinemas o esperado Mulher-Maravilha. Confesso que estava desconfiado quanto a essa nova investida em uma personagem da DC Comics por 2 motivos. Primeiro pela sequencia ruim e o tom errado que os últimos filmes desse universo apresentaram e, principalmente, pelo relançamento de um ícone feminino em um período de embates quando todo mundo tem uma opinião sobre tudo, mesmo que não seja própria. O que posso dizer logo de cara, é que esse é o melhor filme da DC desde Nollan com Batman e trata as “questões feministas” de forma inteligente sem tender para lados ou trilhar caminhos fáceis. Uma referência necessária é que o filme é dirigido pela Patty Jenkins que apesar da pouca experiência com sequências de ação, sabe bem carregar dramaticamente suas personagens. Não que as cenas de ação sejam ruins, na verdade são ótimas, mas a boa surpresa está na construção da heroína forte e de coração íntegro, que tem também uma humanidade que aproxima muito o público da personagem. Infelizmente os vilões são rasos e estereotipados, mas é praticamente o único erro claro do filme. Com um roteiro bem desenvolvido e amarrando os outros capítulos futuros da Liga da Justiça, o enredo conta a origem da Diana e se passa na Primeira Guerra Mundial. Após a queda de um avião em Themyscira, a ilha das Amazonas,  a princesa é inserida no conflito mundial ao resgatar o espião britânico que estava infiltrado nas forças alemãs. Daí entra toda aquela narrativa clichê da Jornada do Herói, só que muito bem feito e funcional. Com ótima química e direção de atores, Gal Gadot, Chris Pine, David Thewlis, Robin Wright e Danny Huston, estão ótimos, mas o filme é todo da bela Gadot. Quando vi a moça em Velozes e Furiosos fiquei muito impressionado e agora entendi melhor o motivo. O problema vai ser que ela vai roubar a cena na Liga da Justiça e vai ser difícil equilibrar. Importante ressaltar que é um filme muito bonito, com cenas visualmente belas e bem planejadas. Nada de escuros e tons de cinza o tempo todo, mas longe do colorido da Marvel. Essa é certamente o tom certo e a DC volta ao ringue pelos braços de uma heroína ao saber valorizar os pontos fortes sem cair ou trilhar os caminhos fáceis. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 12 anos.

Outra estreia desta semana em Nova Friburgo é Vida. É sempre bom podermos ver uma ficção científica que tenta ser realista quanto a física e as previsões futuras breves. Esse é o acerto desse filme que se divide em duas partes. A primeira começa com o plano sequencia dos astronautas que surpreende pela beleza e construção técnica. Quase é possível sentirmos como é estar em uma estação espacial. O filme segue levantando questões interessantes sobre o humano e a vida. São alguns dos poucos momentos com pessoas na Terra. A segunda parte é que a coisa desanda. Em uma experiência, uma vida é desenvolvida mas, como sempre, algo sai errado. Além das soluções capengas, os acontecimentos são descabidos. Isso sem falar que é mais do mesmo. Não pela trama em si, mas pela construção e desenvolvimento das ações. Ainda que não seja exatamente um alienígena, quem não viu um passageiro indesejado em uma nave no espaço? Com um roteiro que tenta surpreender, buscar soluções fáceis é sempre um erro, mesmo com reviravoltas. O diretor Daniel Espinosa caiu na armadilha de tentar fazer algo maior do que o filme consegue ser. O elenco até reune nomes conhecidos mas não tem nada de especial nas atuações de Jake Gyllenhaal, Ryan Reynolds, Rebecca Ferguson, Hiroyuki Sanada e Olga Dihovichnaya. É um suspense que não assusta e uma ficção que não debate. Mérito mesmo para a produção e a trilha sonora. Uma pena, mas vale o ingresso pelos 30 primeiros minutos do filme. A indicação etária é para maiores de 12 anos.

Por fim estreia nos cinemas Amor.com. É sempre bom quando vemos um filme que, de cara, parece ter seguido por caminhos óbvios e comprovadamente errados e nos surpreende. Isso acontece principalmente pelo histórico recente de youtubers e nerds que foram representados de forma tão caricata e exagerada. É quase como uma persona de uma persona. Um universo paralelo, uma licença pouco poética do imaginário além das câmeras que teoricamente estariam retratando o a pessoa e não a personagem. Toda essa salada que um disse não tem funcionado bem ao ganhar as telas. Claro que esse é um caso diferente e o roteiro teve cuidado ao retratar as personagens em suas vidas on-line e off-line. O enredo é sobre uma youtuber famosa e badalada que ao ter fotografias publicadas por um ex-namorado na internet, recorre a um hacker que não só consegue conter o vazamento como ainda conquista o coração da menina. Isis Valverde e Gil Coelho funcionam muito bem juntos e amadurecem durante o filme. Essa é uma das premissas básicas para um bom desenvolvimento de uma ação dramática interessante. Esse foi um acerto dos roteiristas Saulo Aride, Bruno Garotti e Leandro Matos. É uma produção que passa fora da curva e, se não é ótima, afinal nem era essa a pretenção, constrói um enredo desenvolvendo bem os pontos interessantes e surpreende para o bem com uma comédia romântica atual e divertida. Vale sim o ingresso e a indicação etária é para maiores de 12 anos.  

SUGESTÃO: Para ver em casa a dica desta semana inevitavelmente vai para a nova temporada de House of Cards. São 13 episódios para a temporada 5 da série que acertou pela qualidade e força das personagens. Kevin Spacey e Robin Wright interpretam o casal Underwood que farão de tudo para chegarem e se manterem na Casa Branca. São ótimos diálogos e uma condução dramática cheia de reviravoltas e com tramas secundárias. Como eles mesmos disseram, nada que consiga competir com o Brasil, mas vendo na ficção fica menos doloroso para nós brazucas.

 

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