Filmes da semana 01/12 até 08/12

02/12/2017 18:38:17
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Estreia esta semana nos cinemas o aguardado Assassinato no Expresso do Oriente. Na década de 70, alguns filmes foram adaptados dos romances da Agatha Christie e, tirando o Morte Sobre o Nilo, as outras adaptações não conseguiram emplacar. Murder on the Orient Express foi um deles e merecia uma repaginação e uma sorte melhor. Coube ao versátil Kenneth Branagh os papeis centrais dessa nova adaptação, como diretor e interpretando o famoso detetive Hercule Poirot. Importante ressaltar que não devemos nos apegar ao purismo e entender que a adaptação é livre. Existem linguagens diferentes entre mídias e de tempo, afinal são mais de 80 anos de diferença. Para quem não conhece, Poirot é um famoso detetive em viagem no trem quando ocorre um estranho assassinato e, impedidos de seguir viagem, devido a uma avalanche, cabe ao detetive apurar e resolver o caso. O problema de ter boa parte do filme dentro de vagões, limitando ângulos, foi resolvido por Branagh com técnica e criatividade, usando várias câmeras e ângulos e deslocamentos, como traveling e o plano-sequência. O elenco é outro ponto forte, conta com nomes como Johnny Depp, Michelle Pfeiffer, Penélope Cruz, Willem Dafoe, Judi Dench, só para citar alguns. São os 12 passageiros em um trem que não pode seguir viagem e uma certeza, existe um assassino entre nós. Claro que esse comentário é para criar suspense, afinal, nem tudo é o que parece. É um filme muito bem cuidado que só peca por alguns exageros e problemas na sequência dos acontecimentos, o que causa certa confusão. Algumas soluções podem aparentar desnecessárias, mas são escolhas narrativas do roteiro que buscou mostrar um Poirot metódico, mas passível de trair suas convicções. Isso é novidade para que conhece um pouco da obra da Agatha Christie. Bom filme, mas não vai levar estatuetas no próximo Oscar. Vale muito o ingresso e a indicação etária é para maiores de 14 anos.

Outra estreia que chama a atenção é Jogos Mortais: Jigsaw. Sete anos após o final da franquia Jogos Mortais – O Final, eis que ressurgem as armadilhas e o jogo de cão e gato com a polícia. Esse tempo longo é justificável devido ao fracasso de bilheterias dos últimos filmes da franquia. Mesmo sendo produções de baixo orçamento, fica difícil levar adiante um produto em queda, até porque o vilão, John Kramer, morreu no terceiro filme. Os irmãos australianos Michael e Peter Spiering, fazem uma direção firme, focados nas cenas fortes com mais luz e detalhes, sem fugir das referências da franquia. O problema, mais uma vez, está no roteiro. É um enredo morno, que se preocupa com reviravoltas mais do que a narrativa. São dois plots (duas ações paralelas) como de costume. Em uma estão os policiais investigando os crimes e em outro, as pessoas tentam escapar dos esquemas de tortura em forma de jogo. Isto é, tentaram pegar os melhores elementos que consagraram a franquia e fazer uma ressureição. Afinal, John Kramer morreu? É ele que montou as armadilhas mecânicas que tortura? E a polícia, vai conseguir salvar alguém e prender o responsável? Essas são as moedas da franquia, junto com as engenhocas de matar, que os fãs adoram. Falando nisso, alguma são péssimas e outras muito bem elaboradas. O elenco está no automático com uma pequena centelha para Laura Vandevoort. É o entretenimento pela agonia e pelo jogo. Na verdade, tudo é um jogo. O final guarda uma grande surpresa e vai dividir opiniões. Vale sim o ingresso apesar de não ser uma volta por cima, mas é melhor do que vários outros da franquia que mudou de Saw, para Jigsaw (quebra-cabeça). A indicação etária é para maiores de 18 anos.

Para as crianças estreia esta semana A Estrela de Belém. Dezembro, mês do natal, e mais uma produção ganha as telas com um enredo direcionado para a festejada data. Com o selo Sony de qualidade, a animação conta a conhecida história de José e Maria meses antes do nascimento de Jesus Cristo da perspectiva dos animais que os cercavam. É, sem dúvida, uma ótima ideia, mas perigosa e difícil de executar. São muitas as armadilhas e, acertar o tom o cômico sem extrapolar as crenças e modernizar a narrativa, é como andar em uma corda bamba. Os animais são fofos, Maria e José ganharam um upgrade para criar rápida identificação com o público e as mensagens, são fortes e edificantes. Esses são os pontos fortes dessa produção. O roteiro bobo e explicadinho atrapalha e tem dificuldade em compor os dois universos narrativos, os animais e os humanos. Na verdade os humanos são coadjuvantes. Bo é um burrinho simpático, Ruth é uma ovelha insegura e Davi é o pombo leal e que juntos, criam a ação narrativa sem muito protagonismo. Existem momentos engraçados mas nada que possa ser destacado. As músicas não traduzidas funcionam apenas como um fundo e perdem a possibilidade de aumentar o envolvimento das crianças, algo que a Disney jamais permitiria. É uma animação mediana, que nasceu de uma boa ideia mas, por precisar se preocupar com muita coisa, se perde. Bom mesmo são as mensagens sobre o perdão e esperança. Vale sim o ingresso e é livre para todos os públicos.

Por fim, estreia em Nova Friburgo Os Praças. Essa é a típica comédia nacional com ideias soltas e que mais se preocupa com a piada do que com a narrativa. Isso não funciona no cinema. O plot é simples e bom, mas o resultado faz parecer que muita gente deu opinião a ponto de desconstruir a lógica e ação. O resultado é um retalho de exageros e piadas batidas. O enredo é sobre quatro figuras típicas do estereótipo do “malandro trambiqueiro” que precisam organizar o casamento da filha de um contrabandista sem dinheiro algum. O quarteto é formado por diferentes gerações com Tom Cavalcante, Whindersson Nunes, Bruno de Luca e o Tirulipa. Essa certamente foi uma tentativa para atrair mais público e os comediantes, principalmente Tom Cavalcante e o Whindersson Nunes fazem de tudo, com direito a imitações, caretas e revival de personagens que marcaram a comédia nacional. O problema foi como tudo isso foi usado. Tirulipa tem bons momentos e demonstra desenvoltura e carisma. Boa as críticas ao racismo e os deboches com o paulistês, mas passam batidas em meio ao caos narrativo. Tem ainda uma aparição do jogador Neymar no final que deixa uma brecha para uma continuação. O diretor Halder Gomes, que teve seu melhor momento com Cine Holliúdy, ainda não mostrou ao que veio com altos e baixos, mas cinema no Brasil é complicado e merece sempre o nosso incentivo. Vale lembrar que sem um bom roteiro, não é possível fazer um bom filme. A indicação etária é para maiores de 14 anos.

Sugestão:
Para ver em casa a dica desta semana vai para Drive. Com Ryan Gosling, o filme apesar do título sugestivo, é essencialmente drama, conflito e desacertos. O passado nebuloso, o presente duvidoso acaba por levar pessoas, até certo ponto bem intencionadas, a um futuro certo. Ação e resultado, mesmo que por uma boa causa, são interligadas e não faz da sorte uma opção. Atores certos nos papéis certos, costuram um enredo capaz de surpreender não pelas possibilidades mas sim, pela ausência.

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