Aconteceu há 40 anos

17/07/2015 19:30:54
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No dia de 17 de julho de 1975, quinta-feira, por volta das 21:30 horas, o morador de uma residência, nos fundos da “Casa Colosso”, Rua Moisés Amélio, n°80, veio à entrada trancar o portãozinho, como o fazia, habitualmente.

Uma garoa fina e persistente caia, naquela noite fria e chuvosa de inverno, quando surgiu um vulto solitário e sinistro, na rua mal iluminada e deserta. Trajando um casaco negro, gola levantada, chapéu com abas arriadas, ele se aproximou e, sorrateiramente, desferiu um tiro certeiro na cabeça de sua vítima, pelas as grades do portão. Sua esposa Sheila – no interior da casa, em companhia de seus dois filhinhos Bruno e Fabrício – nada percebeu, mas estranhando a demora do retorno de seu marido, foi à sua procura. Encontrou-o ferido, gravemente, caído junto ao portão. Socorrido, foi internado no Hospital São Lucas, na Praça Marcílio Dias (na época), onde permaneceu até às 6:15 horas do dia 19 de julho de 1975, quando faleceu.

Quem era a vítima de um homicídio tão covarde, que não teve a chance de se defender?  Era um friburguense, de 37 anos de idade, Bacharel em Direito, pela Faculdade de Direito, da Pontifícia Universidade Católica de Petrópolis (UCP), que sempre enriquecia os seus conhecimentos jurídicos, com cursos diversos de especialização: Curso de Administração Pública pela Fundação Germânica para Desenvolvimento; Curso de Tributação Municipal e Orçamentação Programática, da Secretaria do Interior e Justiça do Estado de Minas Gerais; Diplomado pelo Instituto de Ciência Política e de Direito Público da Fundação Getúlio Vargas.

Era um intelectual que, em face de um “curriculum” tão rico, ocupou cargos de destaque na sua vida profissional: Consultor Jurídico-Financeiro de duas Prefeituras no Estado do Rio e de duas, no Estado de Minas Gerais; Professor Titular da Escola Técnica de Comércio Friburguense do tradicional Colégio Modelo, das seguintes cadeiras: Finanças Públicas, Legislação Fiscal, Elementos de Economia, Direito Usual e Legislação Aplicada; Ex-Diretor do Serviço de Água e Esgoto de Nova Friburgo; Ex-Secretário de Administração da Prefeitura de Nova Friburgo; responsável pela reforma administrativa dos municípios de Nova Friburgo, Cantagalo,Além Paraíba e Volta Grande (MG).

Era ele o meu amigo Dante Magliano, antigo colega de turma, da Faculdade de Direito de Petrópolis, muito estudioso e, ao mesmo tempo, sempre alegre e bem-humorado. Naquela época, foi Presidente da Associação Friburguense dos Estudantes Universitários (AFEU), entidade que tinha por finalidade reunir, nas férias, os estudantes universitários friburguenses que estudavam fora do nosso município ( E não eram poucos, pois naquela época, só contávamos com a Faculdade de Filosofia Nossa Senhora Medianeira). Em 15 de janeiro de 1961 (no ano em que iria cursar o quarto de Bacharelado em Direito), Dante, presidindo a AFEU , dentre outras atividades, realizou um baile, na Sociedade Esportiva Friburguense, em homenagem ao compositor e radialista Lamartine Babo.

Ele era um intelectual que sempre se enriquecia com novos conhecimentos, mas permanecia fiel a certas virtudes, que engrandeciam ainda mais a sua personalidade, como a humildade e a modéstia. Foi um dedicado esposo e pai, exemplar chefe de família. Filho carinhoso para com a sua mãe D.Arany, e devotado ao seu pai Sr. Salvatore, muitas vezes, o ajudando na sua conceituada mercearia. Protetor dos animais abandonados, recolhia muitos cães e gatos, em seu quintal. Seu grande amigo era o competente advogado Dr. Benigno Fernandes, que tinha idade para ser seu genitor, prova do seu respeito e consideração para com as pessoas mais velhas. Portanto, em face de uma existência tão edificante, por ocasião de seu falecimento, o Dr. Amâncio Mário de Azevedo, Prefeito Municipal, decretou luto oficial, por três dias.

Atualmente, para alegria dos que tiveram o privilégio de conviver com ele, e para exemplo das gerações vindouras, o seu nome, merecidamente, está perpetuado na ESCOLA MUNICIPAL DR. DANTE MAGLIANO, localizada na Ponte da Saudade.

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