A Liberdade está dentro de Nós

11/05/2015 16:00:29
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A liberdade está dentro de nós. Quando deixamos de lado todas as nossas defesas, medos e anseios, razões e conclusões, percebemos à nossa volta um campo de proteção.

Como o gato espreitando o rato, comecemos a observar o movimento de nossos instintos. Primitivos mecanismos de sobrevivência e defesa, mantendo nossa segurança no mundo da matéria, são eles, muitas vezes, por sua própria inabilidade, o grande empecilho para nossa liberdade espiritual.

A liberdade nunca está fora de nós mesmos e só é possível obtê-la nas vastas dimensões de nosso universo íntimo, quando, naturalmente, convertemos o Bem inato em nós em fonte de generosidade, compartilhada com aqueles que necessitam da serenidade de nossa presença. Assim, voltemos nossa atenção para o que podemos encontrar de bom agora, na essência do que somos, e não no que julgamos, aspiramos ou aparentamos ser.

O caminho da alma e da liberdade interior é o caminho da sabedoria e do amor, onde a cada passo devemos descobrir as mil maneiras de nos desvencilharmos de nós mesmos, como o filhote do pássaro ao livrar-se da segurança e da proteção do ninho, para lançar seu frágil vôo ao desconhecido e ao inseguro destino. Assim, mil vezes nasceremos e morreremos, até que possamos aprender a arte de saber sermos vulneráveis e despojados, compartilhadores e solitários, benfeitores e itinerantes…e, finalmente, impelidos pela sabedoria e pelo amor, ousaremos nos livrar das algemas íntimas que nos atam às passageiras ilusões dos sentidos, que nos sufocam, indeterminadamente, na estreita e transitória jaula do “eu”.

Somente o amor e a sabedoria sabem separar a essência sublimadora do prazer e da dor. Se, verdadeiramente, aspiramos alcançar a liberdade interior, devemos nos livrar do pesado fardo dos vícios e das paixões, permitindo florescer dentro de nós a leveza da simplicidade e a felicidade eterna do desapego. Livremo-nos da estreita jaula da ignorância e do preconceito, elevando a suave claridade da chama da compreensão, aceitando influenciadoramente as pessoas e as situações simplesmente tais quais elas são, e não da forma que desejamos.

Eliminemos a estagnação do sentimento e a inércia da inteligência, cultivando o amor pelo trabalho e pelo saber, recolhendo os frutos conseqüentes não apenas em favor de nós mesmos, mas, sobretudo, em benefício de todos aqueles que prosseguem ao nosso lado, compartilhando a mesma bênção da existência.

Curemos definitivamente nossa alma dissolvendo, através do alívio do perdão e da prece sincera, os dolorosos quistos do rancor e as infecciosas chagas da insensibilidade à compaixão. Libertemo-nos das garras torturantes da culpa, providenciando a reparação dos nossos erros e reeducando a impulsividade de nossos instintos.

Renasçamos a todo momento, descobrindo a beleza em auto-anular-se ao final de cada dia e ao alvorecer de cada nova oportunidade, para que o permanente pulsar da criação permita-nos a constante renovação de nosso interior, revestindo-nos de plenitude e vigor espiritual.

Cultivemos junto à nossa fé e nossas convicções a bênção da incerteza, aceitando com espontaneidade o inesperado e o inevitável, e finalmente estaremos livres de todos os nossos medos e dúvidas, pois perceberemos que a própria essência da vida é nosso melhor guia, nosso mais seguro amparo existencial.

E finalmente, não nos adiemos em alcançar a totalidade da ação precisa, que é conciliação entre corpo-mente e espírito, de tal forma que o melhor em nós supere sempre nossos anseios e inquietações, em todas as circunstâncias, com quem quer que estejamos… E assim, passo a passo, caminharemos serenos e indissuadíveis, radiantes e saturados da harmonia da vida, sorvendo e exalando, de nosso próprio interior, o maravilhoso perfume de nossa liberdade interior.

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