A era da imprevisibilidade

14/09/2016 17:43:03
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Quem esperar estabilidade nos tempos atuais vai se frustrar cada vez mais. A grande lição de quem vive no terceiro milênio é aprender a conviver com a instabilidade. Nada mais de empregos duradouros, cargos vitalícios, vida enraizada em cidades, países, continentes. Casamentos não são mais para toda a vida. Relações afetivas se sucedem como os namoricos de antigamente. A juventude não namora mais: “fica”. Filhos voam precocemente e aterrissam em terras distantes. Amigos partem para novas experiências e ficamos sem os companheiros de café, cinema, bar e longas conversas. Apartamentos alugados são pedidos para venda imediata. Imóveis próprios localizados em locais bucólicos, sem vizinhos, com vistas maravilhosas são invadidos por novas incorporações de muitos andares e torres de celulares. E por aí vai.

Aposto que todo mundo tem itens para acrescentar a esta minha lista de mudanças súbitas nas nossas rotinas. Quem não passou pela experiência de ligar para um amigo e descobrir que o celular mudou? Ou falar com alguém que não via há algum tempo e ficar sem graça com a notícia de uma inesperada separação? Procurar por uma pessoa e se surpreender ao saber que está morando fora do país? Falar com amigas e verificar que os filhos crescidos imigraram? Perguntar onde está aquela loja de sapatos feitos a mão que sempre foi minha preferida, ou o açougueiro que me servia tão bem?

Zigmunt Bauman, o sociólogo polonês radicado na Inglaterra, diz que  saltamos de uma longa era de tempo cíclico e linear para uma nova organização de tempo a qual denomina de “modernidade líquida”. Para ele, “um tempo sem seta, sem direção, dissipado numa infinidade de momentos”. Na opinião do filósofo neste tempo as oportunidades são imprevisíveis e incontroláveis e exige de nós uma vigilância constante que gera ansiedade e a sensação de ter perdido algo. Parece que estamos constantemente correndo atrás de alguma coisa que não sabemos bem o que é. Na verdade, esta é uma era que não nos deixa espaço para perder tempo, este bem precioso que não aprisionamos mais.

A sensação de instabilidade é tamanha que nos empurra para uma busca de especialidades diversas da medicina que terminam, cada vez mais, nos consultórios dos psicólogos, psiquiatras e psicanalistas. Queremos saber se esta ansiedade é só nossa, uma doença, ou sinal dos tempos. E quem pode responder, ajudar? Muitos terminam nas tarjas pretas, tão comuns nas mesas de cabeceira do século XXI.

Outras correntes, à margem da medicina dizem que é dessa imprevisibilidade que se constitui a “Era de Aquário”. São as energias uranianas – de alta potência –  preparando o planeta para nova e aceleradas vibrações que não combinam com raízes, situações fixas, relações cristalizadas. E como ficam os conservadores, arraigados, apegados e imutáveis? Todos precisamos de uma nova adaptação, pois tudo acontece tão rápido que não nos dá chance de parar para pensar – não há mesmo mais tempo para isso. As mudanças invadem nossas vidas como uma tsunami devastadora.

Diante desta aceleração, seja ela dos tempos da modernidade líquida de Bauman, ou das alterações energéticas do planeta, precisamos encontrar caminhos alternativos. Alguns deles  nos são oferecidos pelas medicinas orientais – meditação, acupuntura, entre outras –, somadas às correntes de vida saudável da medicina convencional – exercícios aeróbicos, boa alimentação e bom sono. A nova era é holística, ela não separa, soma. Se cuidarmos de nós mesmos como um todo, quem sabe, abriremos novos canais que nos permitam viver os novos tempo em uma nova vibração?  

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