Operação da Polícia Federal mira presidente da Alerj, deputados e cúpula do transporte público

14/11/2017 09:03:37
Compartilhar

O deputado Jorge Picciani (PMDB), presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), é um dos alvos da operação da Polícia Federal “Cadeia Velha”, desdobramento da Lava Jato, que investiga a relação promíscua entre políticos com a cúpula do transporte público no Estado do Rio. Os deputados Paulo Melo e Edson Albertassi, também do PMDB, também estão na mira das investigações.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), as investigações apontam que os deputados Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi formam uma organização integrada pelo ex-governador Sérgio Cabral e que vem “se estruturando de forma ininterrupta desde a década de 1990”. O órgão explicou que a organização adota práticas financeiras clandestinas e sofisticadas para “ocultar o produto da corrupção, que incluiu recursos federais e estaduais, além de repasses da Fetranspor”.

Jorge Picciani foi levado coercitivamente para depor na sede da PF no Rio. Edson Albertassi e Paulo Melo também serão levados para prestar depoimento nesta terça-feira. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a condução coercitiva dos parlamentares foi ordenada como alternativa inicial à prisão deles, já que eles têm foro privilegiado.

O filho do presidente da Alerj, Felippe Picciani, foi um dos presos na operação. Ao todo, são seis mandados de prisões preventivas e quatro temporárias, e 35 mandados de busca e apreensão nos endereços de 14 pessoas físicas e sete pessoas jurídicas.

O deputado Picciani é suspeito de receber propina da caixinha da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor). A informação chegou ao Ministério Público Federal com a delação premiada do doleiro Álvaro José Novis. Os empresários Lélis Teixeira e Jacob Barata Filho e José Carlos Lavouras, todos da Fetranspor, são alvos da ação, entre outros.

As investigações da operação “Cadeia Velha” começaram há seis meses. Neste período, os agentes do MPF exigiram quebras de sigilo bancário, telefônico e em computadores, além de acordos de leniência e de coloboração premiada. A ação também inclui provas obtidas a partir das operações Calicute, que prendeu o ex-governador Sérgio Cabral no ano passado, Eficiência, Descontrole, Quinto do Ouro e Ponto Final.

Picciani foi eleito para a presidência da Alerj por seis mandatos seguidos. Com isso, o MPF destacou que o deputado “é imprescindível na organização criminosa, pelo expressivo poder político e influência sobre outros órgãos estaduais”. Segundo o órgão, as condutas de Picciani na Alerj incluíram a edição de atos normativos em troca de vantagem indevida e restrições ao funcionamento de CPIs.

Compartilhar