Cachoeiras de Macacu: protesto fechará RJ-116 sábado, 27, às 9h

26/02/2016 15:39:45
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Motivo de polêmica há quase três décadas, o projeto do Governo do Estado que prevê a construção da Barragem em Guapiaçu em uma área de 4 mil hectares (o equivalente a 4 mil campos de futebol) de Cachoeiras de Macacu, volta a agitar a pacata rotina do município de 70 mil habitantes na Baixada Litorânea do Rio de Janeiro. Contra a obra que, além de impactos sociais e econômicos, é uma ameaça a danos irreversíveis ao meio ambiente, representantes dos mais diversos segmentos – produtores rurais, políticos e ambientalistas, entre outros – se uniram na Comissão Organizadora de uma grande manifestação que acontece neste sábado, dia 27. Com concentração às 9h no Trevo do 70, eles prometem parar a RJ-116 (Itaboraí-Cachoeiras de Macacu) no entroncamento com a RJ-122, a Rio-Friburgo que dá acesso à BR-116 na altura de Parada Modelo, na Rodovia Rio-Teresópolis.

O projeto de construção da barragem é apontado pelo Governo como reforço ao abastecimento de água em Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, municípios da Região Metropolitana II que, a exemplo até da Ilha de Paquetá, são servidos há mais de 80 anos por mananciais de Cachoeiras de Macacu: rios Guapiaçu e Macuco. Mas a obra exigiria de imediato a remoção das 730 famílias que vivem e tiram o sustento do Guapiaçu, com a eliminação de 3 mil empregos diretos em uma das áreas agrícolas mais produtivas do estado. O município é o primeiro do ranking da produção de aipim, goiaba e milho verde, respondendo também por grande parte do cultivo de inhame, berinjela, pimentão e quiabo, além de carne bovina, leite e queijo. Com a obra, a estimativa é de uma perda anual de 30 milhões de quilos de produção agrícola e 1,3 milhão litros de leite e derivados.

– Precisamos reforçar os riscos que esse projeto representa. Ele afetará não só a produção rural e os cachoeirenses, mas o nosso estado como um todo – alerta Bruno Paciello, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Cachoeiras de Macacu.

Integrando o Comitê das Bacias Hidrográficas da Região Serrana, o Sindicato é uma das entidades à frente da organização da manifestação. Com tantos envolvidos, a expectativa é de que o ato reúna, pelo menos, cinco mil pessoas. “Queremos um grande movimento para evidenciar que a barragem inundaria uma das maiores áreas produtivas de Cachoeiras, desempregando mais de 700 famílias e trazendo ameaça de vermos aqui uma nova Mariana”, ressalta Paciello.

Projeto alternativo – A Região Metropolitana do Rio é abastecida por Imunana-Laranjal, que capta água dos rios Guapiaçu e Macuco a uma vazão média de 6,5 mil litros por segundo, com o sistema já não atendendo mais com a mesma eficiência à demanda de cerca de 3 milhões de pessoas. Como solução alternativa à Barragem em Guapiaçu, o pool de empresas públicas, privadas, classistas e até ambientalistas reunidas em volta da questão apresentou ao Governo um projeto alternativo que sugere a construção de três barragens menores, evitando a retirada de tantos agricultores.

– Temos muito orgulho e satisfação de poder abastecer outras cidades, e não queremos reter a água. A luta é contra os prejuízos que teremos. Nunca fomos ouvidos em todos esses 30 anos de ameaça de construção da barragem. O Governo nunca nos procurou para conversar, e ignora o projeto que apresentamos como opção – cobra Mário Falcão, presidente do Sindicato da Agricultura Familiar de Cachoeiras de Macacu, referindo-se ao projeto alternativo.

Ato ordeiro – Visando um movimento ordeiro, organizadores do ato vêm se reunindo com os diversos órgãos envolvidos, como a Polícia Militar. “Estamos mobilizando a população para termos um movimento firme para reforçar esta grave situação e cobrar resultados. Mas queremos um ato com paz e ordem”, destacou Bruno Paciello. A manifestação conta também com o apoio do prefeito Cica Machado (PMDB), que tem percorrido comunidades rurais explicando aos produtores a gravidade da situação e a importância da presença na paralisação do dia 27. 

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